Flamínio Araripe
O uso de mentiras para destruir adversários políticos - atuais fake news -, serviu para derrotar, em 1976, no Crato, a primeira campanha do MDB com chance de conquistar a prefeitura do município. O historiador Carlos Rafael, da Urca, e o presidente do PSB no Ceará, Eudoro Santana, que era o candidato a vice-prefeito na chapa prejudicada, relatam os fatos no livro “Jósio de Alencar Araripe - A Palavra sem Medo - Crônicas e artigos”. Meu pai.
As elites conservadoras do Crato, abrigadas na Arena, dominavam a política no município, desde o golpe militar de 1964.O MDB inovou na campanha, contratou marqueteiro em Fortaleza, criou o slogan “vai dar zebra no Crato” e massificou o número 5 da chapa, o mesmo do animal listrado. O médico Raimundo Bezerra era o candidato a prefeito, em ameaça à hegemonia arenista. “A expressão ‘dar zebra’ é utilizada no mundo esportivo, como analogia a resultados imprevisíveis”, observa Carlos Rafael, no prefácio da obra.
No depoimento incluído no livro, Eudoro Santana informa que os adversários espalharam que o MDB tinha um trabalho de começar a fazer um círculo para atingir a periferia do Crato e depois os distritos, um projeto da União Soviética de criar núcleos territoriais. A teoria inventada foi desenhada e disseminada. “Isso foi altamente prejudicial porque eles fizeram panfletos”, afirma.
“O material de antipropaganda usava a figura do Padre Cícero, dizendo que ele falou da Besta Fera, e que a zebra era o símbolo da Besta Fera”, conta Eudoro. Os panfletos apócrifos chegaram à população nas casas pela madrugada, por baixo das portas.
A íntegra da entrevista de Eudoro está no livro, que reproduz crônicas de Jósio Araripe, transmitidas pela voz do jornalista Antonio Vicelmo no programa diário “A Palavra sem Medo”, na Rádio Educadora do Cariri, no início dos anos 1970. A obra chega à gráfica na próxima semana, graças ao apoio solidário dos amigos do cronista e do autor e às vendas antecipadas. Pedidos pelo WhatsApp (85) 99615-1449 ou e-mail flaminio.a@gmail.com.