Recebi mensagens via internet, comentários de leitores sobre a PEC da Blindagem, proposta do centrão e da extrema-direita, com apoio de alguns poucos da esquerda, que querem anistiar o ex-presidente Bolsonaro, líderes militares e manifestantes de 8 de janeiro já condenados por tentativa de golpe e outros crimes. A operação política no plenário da Câmara Federal é considerada o maior crime contra a nação, a Constituição e o Código Penal. A PEC, de tão agressiva, foi apelidada de PEC da Blindagem, PEC do Crime Organizado, PEC da Dosimetria e PEC da Canalhada.
Mas de onde a direita e a extrema-direita tiraram coragem para afrontar a opinião pública de maneira tão arrogante? A resposta está nas emendas PIX, que abastecem prefeituras, ONGs, institutos e outras entidades que, segundo a Polícia Federal, devolvem parte do dinheiro para parlamentares. O senador Cid Gomes denunciou: “Quem tem prefeito não tem propina e quem não tem prefeito recebe o dinheiro.”
Um padre me escreveu sobre um deputado federal que frequenta sua paróquia. Ele é corrupto, todos sabem. Chega, senta-se no banco da frente da igreja, cumprimenta a imagem de Cristo, curva-se, canta, reza e comunga como se não tivesse pecado e muito menos cometido crimes. O padre pode soar exagerado, mas sua visão traduz bem a percepção da sociedade. Nos presídios, 90% dos presos carregam Bíblias nas mãos.
O dinheiro das emendas compra votos. O senador Jarbas Vasconcelos afirmou que deputados, hoje, reelegem-se mentindo na internet, os chamados deputados “influencers ou youtubers”, ou comprando cada voto. A presença das facções ainda facilita as negociações.
Com o calendário eleitoral se aproximando, fica evidente a necessidade de uma intervenção mais firme dos órgãos de fiscalização e controle, como o Ministério Público e a Polícia Federal.