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Foto: Ribamar Neto/UFC |
A contribuição da Universidade Federal do Ceará (UFC) para o esclarecimento sobre os prejuízos da pulverização de agrotóxicos à saúde humana e ao meio ambiente ganhou mais um importante reconhecimento. No último dia 31 de julho, o coordenador-geral do Fórum Nacional de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos e Transgênicos e subprocurador-geral do trabalho do Ministério Público do Trabalho (MPT), Pedro Luiz Gonçalves Serafim da Silva, assinou nota de apoio aos pesquisadores da universidade pela pesquisa sobre o efeito dos agrotóxicos na indução da Síndrome Mielodisplásica em humanos.
Iniciados em 2011, os estudos acompanharam o quadro de saúde de mais de 50 trabalhadores rurais da região do Apodi, no leste do estado. Em dezembro de 2024, resultados mais recentes evidenciaram que agricultores expostos a agrotóxicos por meio da pulverização aérea têm 27 vezes mais chance de desenvolver algum tipo de tumor.
A conclusão foi possível graças ao uso, a partir de 2022, de uma nova tecnologia, chamada Next Generation Sequencing - NGS (Sequenciamento de Nova Geração), que viabiliza o sequenciamento muito mais rápido e eficiente de grandes quantidades de DNA.
A análise dos dados obtidos com a aplicação da NGS permitiu identificar mutações genéticas que podem predispor ao câncer, e demonstrou que, enquanto na população mundial, a cada 100 indivíduos, apenas um apresenta esse tipo de mutação, nos trabalhadores rurais expostos a contato com agrotóxicos pulverizados, esse número sobe para 27.
Os resultados foram apresentados em um painel no 18º Congresso Internacional sobre Neoplasia Mielodisplásica, ocorrido em maio deste ano em Roterdã, na Holanda. Em breve, o grupo de pesquisadores, que é vinculado ao Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos (NPDM) da UFC, deverá submeter um artigo com as conclusões à revista Nature, principal publicação de divulgação científica do mundo.
Além de Pedro Luiz Gonçalves, a nota de apoio também é assinada por Fátima Aparecida de Souza Borghi e Luiz Cláudio Meirelles, coordenadora-geral-adjunta e secretário-executivo geral do Fórum Nacional de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos e Transgênicos, respectivamente. O documento representa o posicionamento não apenas da entidade, mas de 34 fóruns estaduais e regionais de combate ao uso indiscriminado e impacto dos agrotóxicos.
Os signatários congratulam toda a equipe em nome do professor Ronald Feitosa Pinheiro, coordenador do Laboratório de Citogenômica do Câncer (NPDM/UFC) e um dos coordenadores da pesquisa.