O IJF está com 730 pacientes internados, vítimas de acidentes com motos. O número representa quase toda a capacidade de atendimento da unidade hospitalar de urgência. O número elevado se mantém porque, a cada dia, mais motociclistas circulam pelas ruas e os acidentes com esse modal seguem com números altos.
A lotação do IJF e de outros hospitais não reflete carência de UTIs e leitos, mas o descaso da sociedade na cobrança por cuidados nas suas profissões.
Na regra da Uber, para se credenciar, um condutor de carro ou moto precisa unicamente da habilitação, de um veículo conforme sua categoria de motorista e de inserir a placa e os dados pessoais no sistema. Não se exige frequência em cursos de direção defensiva, por exemplo, nem formações que destaquem noções de cidadania e de direitos humanos.
O exemplo dos trabalhadores de aplicativos reflete o quanto o Estado brasileiro está gastando mais com saúde, a partir dessa nova forma de renda. Os pacientes de cirurgias eletivas passam para segundo plano, porque o processo cirúrgico de emergência tem prioridade.
O custo torna-se altíssimo e os hospitais ficam lotados. Para o governo, só resta investir mais em cirurgias e tratamento pós-operatório. A Uber, a 99, o iFood e outros aplicativos do gênero estão empurrando milhares de trabalhadores para uma rotina de risco extremo, que tem produzido uma geração de pessoas com sequelas graves e permanentes.