Cultivar a terra para fornecer alimentos às pessoas sem degradar o meio ambiente foi uma pauta discutida na plenária Sustentabilidade, mudança do clima e transição justa que aconteceu nesta sexta-feira (15), dentro da programação do G20 Social.
Marciely Tupari da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB) foi uma das palestrantes, ela é uma das coordenadoras do movimento e mora na terra indígena Rio Branco em Rondônia. Marciely abordou a importância de reconhecer e utilizar os conhecimentos ancestrais dos povos indígenas no manejo da terra. Segundo Marciely, que é da etnia Tupari, os antigos contam como era diferente o clima na região. Por isso, de olho nas mudanças climáticas que afetam as colheitas, a comunidade tem investido na agricultura familiar por ser uma forma de fazer agricultura mais sustentável. Além de garantir uma alimentação saudável, já que a entrada de produtos industrializados no território estava mudando os hábitos dos moradores e, consequentemente, influenciando a saúde do povo.
Sendo assim, foi com muita honra que Marciely aceitou falar em nome não só de seu povo Tupari, mas de todos os povos indígenas da Amazônia brasileira. Ela trouxe consigo seu bebê de 9 meses e muita esperança em um futuro onde as florestas serão respeitadas e conservadas.
“As pessoas de fora não conseguem enxergar mas meus parentes sempre colocam que a gente usufrui da natureza sabendo que ela tem o limite dela. Então, respeitamos esse limite. Por exemplo, quando a gente vai entrar dentro de uma mata ou em um rio, a gente não pode entrar de qualquer jeito, precisamos pedir licença. Então, eu quero deixar um mundo para meus filhos em que eles possam tomar um banho no rio em uma água limpa e comer um alimento saudável que vem da própria floresta”, disse.
Se o campo não planta, a cidade não janta
Joana Gama estava na plateia assistindo a fala da coordenadora Marciely Tupari, ela é coordenadora de uma cozinha solidária do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) em Uberlândia, no estado brasileiro de Minas Gerais. Joana mora em uma ocupação, os grãos e hortaliças preparados na cozinha solidária vem de pequenos agricultores de um assentamento da região e alimentam em torno de 200 famílias. Depois de 12 horas de viagem para chegar ao G20 Social, Joana, uma senhora, transparece alegria e vitalidade. Conta que trabalhou na roça, foi professora e após a pandemia aprendeu a cozinhar profissionalmente.