quinta-feira, 18 de maio de 2023

Dallagnol afirma que sua cassação “é a festa dos corruptos” e que perdeu o mandato por “vingança”

Depois de ficar em silêncio por mais de 16 horas, o deputado federal cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Deltan Dallagnol (Podemos-PR), reagiu à perda de seu mandato se dizendo vítima de uma vingança política. “Hoje, o sistema da corrupção está em festa”, disse o parlamentar.

O ex-procurador da Lava Jato ainda listou quem seriam seus inimigos que estão comemorando a perda de seu mandato: “Gilmar Mendes está em festa, Aécio Neves, Eduardo Cunha, Beto Richa estão em festa”. E acrescentou: “Perdi o meu mandato porque combati a corrupção. Hoje, é um dia de festa para os corruptos e um dia de festa para Lula”. As informações são do Estadão.


Gilmar Mendes não foi o único ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) que escapou das críticas de Deltan. Alexandre de Moraes, que também é do TSE, foi mencionado. “Eles conseguiram que sete ministros superassem decisões e pareceres unânimes anteriores e que me cassaram. Liderados por um ministro, que já disse, o ministro Alexandre de Moraes, na cerimônia de diplomação de Lula: ‘Missão dada, missão cumprida’. Liderados por um ministro que, ao encontrar Lula, certa vez, disse: ‘Está tudo em casa’”.


Sem informar se irá recorrer da decisão do TSE, Deltan pareceu aceitar — durante o discurso de pouco mais de 10 minutos de duração e repleto de referências bíblicas — que não poderá mais exercer o mandato, ainda que, neste momento, caiba a possibilidade recurso ao TSE e ao Supremo Tribunal Federal (STF).


Antes do pronunciamento, o deputado usou sua rede social para postar um vídeo com imagens do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, e do corregedor do Tribunal Superior Eleitoral, Benedito Gonçalves. O vídeo tem o título de “a vingança de Lula” e associa a cassação aprovada no TSE à uma revanche do petista.


Deltan afirmou que, apesar da cassação, não vai abrir mão da atuação política. “Todo tombo dói. Mas, não vou desistir”. Ele disse que a decisão do TSE foi uma desrespeito aos votos que recebeu nas eleições de 2022. O ex-procurador da República foi o mais votado no Paraná.


Deputados apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, entre eles, o filho Eduardo Bolsonaro (PL-SP), compareceram ao pronunciamento de Deltan. Eles carregavam placas que diziam, entre outras coisas, que “a esquerda quer vingança” e que “perseguição política não é justiça”.


Ele esteve ao lado da presidente nacional do Podemos, deputada Renata Abreu (SP), de colegas parlamentares e do advogado, Leandro Rosa. A decisão da Corte foi por unanimidade, em votação que durou pouco mais de um minuto: 7 a 0 no placar geral.


O pedido foi feito pela federação Brasil da Esperança, que elegeu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e pelo Partido da Mobilização Nacional (PMN).


Deltan passou a noite e a madrugada fechado em seu gabinete onde se reuniu com assessores, copartidários e seu advogado, para definir a estratégia seguinte. Ele só saiu da Câmara às 3h da manhã.


Em visita a Deltan, a presidente do Podemos prometeu tomar as medidas judiciais que ainda restam.


A Coluna do Estadão mostrou que Lira já disse a interlocutores que Deltan terá que deixar o gabinete e devolver equipamentos à Casa nas próximas horas, assim que chegar a comunicação do TSE sobre a decisão.


À noite, Deltan disse que os votos foram calados por “uma única canetada” e que tem o sentimento de “indignação com a vingança em curso, sem precedentes no Brasil”.


Internamente, assessores relataram que Deltan “teve vontade de chorar, mas não chorou”.