A nação romeira celebra hoje, 24 de março, 178 anos do nascimento de Padre Cícero. O líder religioso fundou Juazeiro do Norte e transformou a cidade em um dos maiores centros de peregrinação do mundo. São dois milhões de romeiros por ano. Um mar de gente movido pela fé.
Cícero Romão Batista nasceu no Crato, no dia 24 de março de 1844, filho de Joaquim Batista e Joaquina Romana. Ainda menino, aos 12 anos, fez voto de castidade, influenciado pela leitura da vida de São Francisco de Sales. Aos 21 anos, entrou no seminário, em Fortaleza, e foi ordenado com 26 anos. Começava ali uma trajetória envolta em fé, política, cultura e história.
O jovem padre precisava de uma paróquia, e ela estava pertinho de sua terra natal. O então povoado de Juazeiro recebeu o religioso, que passou não só a cuidar do lugarejo como de sua gente. Alguns biógrafos citam um sonho de Padre Cícero, onde ele teria recebido, de Jesus Cristo, a missão de fazer aquele povoado crescer em fé e tamanho. Assim aconteceu. O vilarejo de antes é, hoje, a maior e mais importante cidade do interior cearense. Juazeiro do Norte é terra de economia fervorosa, comércio aquecido, polo de indústrias e vida pulsante.
Padre Cícero é uma das figuras mais biografadas do mundo. São mais de duzentos livros, sem contar com artigos, estudos e citações em veículos de comunicação regionais, nacionais e internacionais.
O Padre morreu excomungado pela igreja a qual ajudou a crescer. O famoso milagre da hóstia, que virou sangue na boca da Beata Maria de Araújo, fez com que Padre Cícero perdesse as ordens sacerdotais. Mas ele seguiu líder, lutou pela emancipação de Juazeiro e foi o primeiro prefeito da cidade.
Mas, foi a figura religiosa que se imortalizou.
A excomunhão nunca impediu a legião romeira de visitar Juazeiro e reverenciar a imagem do homem considerado santo pelo povo. Há um movimento intenso de reabilitação do Padre Cícero. Os documentos estão no Vaticano. Seria a glória para os fiéis e um final mais emocionante para a história desse homem, que continua a ser escrita mesmo tanto tempo após sua morte.
É preciso deixar claro que o silêncio do Vaticano nunca calou o coração romeiro. A fé sertaneja é firme, intensa e inabalável. Emociona assistir as manifestações de devoção em Juazeiro. Emociona ouvir os relatos. Emociona ver o quanto aquela cidade e sua gente respeitam a própria história alicerçada na fé.