quinta-feira, 24 de março de 2022

A dança de partidos é uma vergonha política


No Brasil, os partidos, com algumas exceções, são cartórios eleitorais. As pessoas se filiam apenas mirando a próxima eleição, mais nada, o que transforma partidos em legendas de aluguel ou em abrigos para aventureiros. Em muitos casos, as pessoas se filiam e se candidatam conduzidos pelo chefe do partido para preencher cotas, viabilizando a chapa proporcional para efeito de cumprimento da lei. 

Todos os anos, os parlamentares têm direito de trocar de partido no início da temporada. É a chamada janela partidária. No ano que não tem eleição, é feita a acomodação dos insatisfeitos e, no ano eleitoral, é a busca por uma legenda que seja a ideal para se eleger. É uma jogada, manobra para chegar ao parlamento de maneira mais fácil, muitas vezes, com baixa votação. 

O parlamento cearense passa pela maior dança de cadeiras da sua história, com 10 deputados. Estão trocando de partido. E o número deve ser maior. O PT, recebendo três novos deputados estaduais, é o maior beneficiado pela janela partidária. Uma curiosidade: o deputado Nizo Costa, que se filiou ao partido, tem uma história de superação e desafios. É o líder dos trabalhadores do transporte alternativo. Ele foi candidato a prefeito e o resultado entre ele e o adversário foi o empate. A lei beneficia o mais velho. Nizo teve que aceitar o resultado. 

As lições ofertadas pela política devem ser avaliadas. O Brasil precisa construir uma base sólida de partidos para criar uma cultura de correntes de pensamentos para o eleitor saber quem é quem, fugindo da opção de 34 partidos. O mais grave: o contribuinte sustenta essa farra partidária. 

O PT, PSB, PC do B, MDB e PSDB são legendas que respeitam sua história. Se mantêm longe dos partidos de aluguel. Podem ter defeitos, mas estão na história como protagonistas, seja com erros ou acertos.

A janela partidária é a negação da política. Invenção dos cariocas, que criaram a cultura partidária que virou jargão: “levar vantagem em tudo”.