segunda-feira, 30 de março de 2020

Parar para continuar seguindo


O Brasil e o mundo enfrentam uma das maiores crises da história. O coronavírus  já contaminou e matou centenas de milhares de pessoas e provocou o caos na economia global. Países ricos e desenvolvidos estão de joelhos para a doença, que se multiplica numa velocidade assustadora.

E no nosso Brasil, um dos países mais desiguais do mundo, onde 1% da população mais rica concentra quase um terço de toda a renda? O Brasil, que ocupa a 79ª posição no ranking de desenvolvimento humano, onde mais de 50 milhões de pessoas vivem abaixo da linha de pobreza.

É este o Brasil, pobre e desigual, que começa a conhecer de perto a face devastadora do coronavírus . Já são mais de quatro mil casos confirmados e mais de uma centena de mortos no país. O crescimento é geométrico. E, se antes atingia as áreas mais nobres, pelo contato que tiveram com infectados de outros países, agora os casos se espalham para as áreas mais periféricas, onde estão as famílias mais vulneráveis. 

Quando as mais respeitadas entidades médicas do mundo indicam isolamento social, é com o objetivo de que a velocidade da contaminação diminua e não atinja todos ao mesmo tempo. Dessa forma, o sistema de saúde conseguiria suportar melhor a demanda de atendimentos. Em países como Itália e Espanha, que não adotaram as medidas de isolamento em tempo hábil, esse sistema logo entrou em colapso, e milhares de pessoas morreram sem conseguir atendimento. O temor é de que o mesmo ocorra aqui. Mais de 80% da população brasileira utiliza o sistema público de saúde. 
Serão essas pessoas as que mais sofrerão.

O momento é muito grave para reduzir a discussão a querelas políticas e ideológicas, como alguns insistem em fazer. O momento deve ser da união de todos. O que tem que se buscar é salvar o máximo de vidas. Por isso, todas as medidas tomadas pelos governantes devem ter embasamento técnico e científico, com muito critério e responsabilidade, como tem ocorrido no Ceará.

Assim como no resto do mundo, a economia brasileira sofrerá grave impacto. Todos perderão. Mas o momento agora é de redução de danos. Principalmente danos contra a vida, o bem mais precioso. Setores essenciais devem continuar funcionando, como estão, para garantir o abastecimento e a manutenção dos serviços. Os outros setores perdem hoje, para não perder muito mais depois. Prejuízos podem ser recuperados; vidas, jamais.

Chagas Vieira - Assessor Especial de Comunicação do Governo do Ceará