quarta-feira, 6 de agosto de 2025

Manifesto cearense contra Trump


A Assembleia Legislativa do Ceará protagonizou um momento emblemático ao aprovar o Manifesto a Favor da Economia e do Povo do Ceará, em meio a um debate acirrado entre oito parlamentares bolsonaristas e outros 35 deputados. A vitória foi dos que se colocaram ao lado dos trabalhadores cearenses, enfrentando a retórica da extrema-direita e da nova direita, ainda presente em partidos como PDT, PL e União Brasil.


A mobilização tem fundamento concreto. Estima-se que cerca de 120 mil cearenses — entre pescadores, trabalhadores da carnaúba e do coco — podem perder seus empregos diante das barreiras comerciais impostas pelos Estados Unidos. Uma cadeia produtiva que envolve décadas de relações internacionais e gerações de famílias está sob ameaça direta.


O impacto vai além das divisas do estado. Logo, os consumidores americanos deverão sentir falta dos pescados cearenses, como pargo, pescada amarela, garoupa, lagosta e camarão — produtos apreciados e consolidados no mercado externo. A indústria também deve registrar escassez de matérias-primas como a cera de carnaúba, a carne e a castanha-de-caju.


O mercado do coco, mais recente na relação bilateral, era promissor. Além da água de coco, doces típicos e cocadas ganhavam espaço e paladar entre os americanos. Agora, essa expansão está comprometida.


Com a aprovação do manifesto, o Ceará se posiciona ao lado dos estados atingidos por medidas unilaterais e ideológicas. O gesto da Assembleia Legislativa é um recado político, social e econômico: o estado defende seus trabalhadores, seus produtos e sua autonomia. Em um cenário internacional cada vez mais polarizado, essa atitude ganha relevância simbólica e prática.


O Ceará não aceita calado o desmonte de suas relações comerciais. E não compactua com políticas externas que desconsideram acordos, atropelam a diplomacia e colocam em risco milhares de famílias brasileiras.