Quando uma marca decide atravessar fronteiras, ela não está apenas vendendo mais. Está criando conexões. Está se colocando à prova diante de culturas distintas, expectativas diferentes, legislações complexas e novos comportamentos de consumo.
E quando aprofundamos a ideia de internacionalização, estamos falando em diplomacia econômica, geração de valor, questões culturais/étnicas e a construção de imagem-país. E o marketing internacional é uma das ferramentas mais eficazes para isso. Basta ver como a Coreia do Sultransformou K-Pop e o K-Drama em “soft power”, elevando sua presença global muito além da tecnologia.
No Brasil, ainda engatinhamos nessa jornada. Mas exemplos não faltam. Diversas marcas naturalmente nossas já provaram que é possível competir globalmente com inovação, propósito e respeito às culturas locais. Só que, no geral, ainda somos conhecidos no exterior por estereótipos do passado: carnaval, futebol e praias. Isso é identidade, sim. Mas, não é a ideia de posicionamento estratégico.
E o Nordeste? A nossa região é um celeiro de marcas com grande potencial de internacionalização, com produtos cheios de história, estética, sabor e valor. Da moda autoral ao artesanato, da agroindústria criativa aos serviços culturais, temos conteúdo, propósito e diferencial. O que muitas vezes falta é acesso ao conhecimento, estrutura logística e, principalmente, apoio estratégico.
Imagine, por exemplo, o impacto positivo que teria um programa estadual robusto de incentivo à exportação de micro e pequenas empresas criativas do Ceará. Ou uma agenda de internacionalização que envolvesse universidades, centros de inovação e setor produtivo, voltada a transformar produtos culturais e regionais em ativos globais? O retorno seria não só econômico, mas também simbólico.
Mas para isso acontecer, é preciso profissionalizar o processo. Pensar além da exportação pontual. Investir em posicionamento, presença digital, estudo de mercado e diferenciação. Internacionalizar exige método, pesquisa, planejamento e, sobretudo, visão de longo prazo.
O Brasil tem potencial. O Nordeste tem força criativa. O Ceará tem marcas que só precisam de estrutura e direção. O mundo, por sua vez, está receptivo. Talvez o que falte, no fim das contas, seja justamente acreditar que o que temos, por si só, já é exportável. Desde que seja feito do jeito certo!