_Por Célio Studart, deputado federal e presidente da Frente Parlamentar em Defesa dos Animais_
“A chegada do ano novo é um momento de esperança e celebração. No entanto, para muitos animais, essa data se transforma em uma noite de terror. O barulho intenso dos fogos de artifício causa pânico, sofrimento e até mesmo a morte de diversas espécies, tanto domésticas quanto silvestres.
Os animais possuem audição muito mais sensível que a nossa. Os ruídos altos e abruptos dos fogos desencadeiam o instinto de fuga, levando muitos a se perderem, se machucarem ou até mesmo a morrerem. Cães e gatos, por exemplo, podem apresentar reações como tremores, taquicardia, vômitos e até convulsões. Aves são especialmente vulneráveis, sofrendo desorientação e ferimentos graves. Pequenos mamíferos, como roedores, abandonam suas tocas em busca de abrigo, ficando expostos a predadores e correndo riscos de morte.
Durante o Natal, a cantora Anitta vivenciou o drama de milhares de tutores ao ter seu cachorro Charlie desaparecido durante a queima de fogos, evidenciando os perigos dessa prática. O animal, aterrorizado, se escondeu por horas embaixo da estrutura da casa da cantora, causando grande sofrimento à família e tendo que ser resgatado, com ferimentos, pelo Corpo de Bombeiros. Este é apenas um dos milhares de casos que surgem, ano após ano.
O trauma causado pelos fogos de artifício pode gerar sequelas comportamentais duradouras, como fobias, agressividade e ansiedade crônica. Além disso, o estresse intenso pode levar a problemas de saúde, como doenças cardíacas e imunológicas.
É importante ressaltar que existem tecnologias disponíveis para a criação de espetáculos pirotécnicos silenciosos, que proporcionam a mesma beleza visual sem causar sofrimento aos animais. É possível aliar a celebração com a harmonia sonora que afeta, além dos animais, pessoas idosas e com autismo.
Atualmente, uma petição nacional busca apoio contra os fogos barulhentos e seguimos lutando pela aprovação do nosso PL 6881/2017 — que proíbe fogos com estampido em todo o país. A matéria encontra-se na Comissão de Constituição e Justiça, em fase final de tramitação.
Não podemos mais fechar os olhos para o sofrimento dos animais. Ao escolhermos celebrar o ano novo de forma mais consciente, estamos construindo um mundo mais justo e compassivo para todos os seres vivos. Silenciar os fogos é um ato de amor e respeito aos animais. Juntos, podemos fazer com que as festas sejam de alegrias para todos.”