quinta-feira, 14 de setembro de 2023

“Faltou diálogo”, disse o governador Evandro Leitão sobre suspensão, por parte da Prefeitura, do atendimento a pacientes com câncer


Um dos principais pontos de embate entre as gestões estadual e municipal, o tratamento oncológico na capital cearense voltou ao centro das discussões, nesta quinta-feira, 14. Em visita ao Centro Regional Integrado de Oncologia (Crio), o governador em exercício, Evandro Leitão, criticou a “falta de diálogo”, por parte da Prefeitura, na gestão do tratamento oncológico em Fortaleza,após a redução de 20% do teto orçamentário mensal do Crio.

“Não estou aqui para questionar, de forma nenhuma, o porquê de reduzir. O que eu coloquei é que toda e qualquer decisão precisa ser dialogada, pactuada, para que a gente possa escutar e os serviços não sofram descontinuidade. Só quem sabe a dor do sapato é quem calça. Mas, nós temos que construir, sentar e conversar. Vamos conversar com a Prefeitura de Fortaleza para que a população não seja vítima da não prestação do serviço. Se não está recebendo esses recursos, então, nós temos que achar uma solução”, disse.

“Nós temos que conversar, não podemos cortar de uma hora para outra. Vamos sentar e dialogar”, destacou.

Evandro, também, disse que o rompimento político entre Estado e Prefeitura tem feito mal. O corte dos recursos gerou um decréscimo de cerca de 50% dos atendimentos do Crio, número referente aos pacientes de outras regiões do Estado. 

“Nós temos que sentar e conversar. Não podemos é, de uma hora para a outra, fazer um corte. Se eu tenho uma receita de X e, de uma hora para outra, corto essa receita em 20%, isso vai ocasionar o não atendimento às pessoas. Então, vamos dialogar, vamos conversar, o Estado está interiorizando suas ações, seus projetos, seus programas e seus equipamentos”.

PROBLEMAS

Em março deste ano, o Crio interrompeu o atendimento de novos casos para tratamentos contra o câncer, por conta dos cortes por parte da Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza (SMS). Para o secretário adjunto da Saúde do município, Paulo Everton Garcia Costa, Fortaleza não vai “aguentar financeiramente” o custeio de pacientes vindos do Interior e o Estado tem que se responsabilizar por esses pacientes. Segundo ele, a Prefeitura precisa “cuidar”, principalmente, da atenção primária e, assim, conseguir identificar novos casos de forma precoce.

Para o secretário, é preciso retomar as Câmaras de Compensação e as pactuações financeiras, conhecidas como PPIs (Programa de Parcerias para Investimentos). “Essas pactuações deixaram de acontecer e precisam ser retomadas, estão sendo retomadas”, defende.

“O que a gente precisa contextualizar é que os recursos da oncologia têm parte do Governo Federal, uma parte municipal e uma parte estadual. Boa parte da população do Interior do Estado, uma parte vem para Fortaleza por questões de dificuldade, com tratamento complexo, e nós temos os maiores Centros de Oncologia no município. Se percebe que Fortaleza estava arcando com os recursos financeiros desses nossos irmãos cearenses, mas isso precisa ser repactuado. Há mais de 10 anos não haviam as câmeras de compensação, que são onde se discute esses aspectos. Estamos à total disposição para sentar, mas é importante que as Câmeras de Compensação sejam retomadas, sistematicamente”.