Na sua fala sempre franca e honesta, como deve ser o pronunciamento dos homens públicos, o governador Elmano de Freitas citou a grande quantidade de pessoas que estavam na lista para fazer cirurgias e que, na realidade, já tinham feito o procedimento ou desistido. O número mostra um espelho real.
A Secretaria de Saúde tem atuado com lupa para encontrar nomes e buscar os pacientes que precisam de cirurgia eletiva.
O médico Lineu Jucá, estudioso sobre o número de acidentados que entram na emergência do Frotão, após avaliar os dados, constatou que a maioria dos casos graves envolve motociclistas.
Lineu, que atuou muitos anos na emergência do IJF, é uma voz isolada e não consegue convencer autoridades da importância de uma ampla campanha educativa para conscientizar os usuários de motos em território cearense. Algo lamentável,
No sertão, há uma nova fórmula para definir a influência das motos no dia a dia das pessoas: o veículo é o novo cavalo. É comum nas fazendas os vaqueiros usarem motos para controlar o gado e, o mais grave, sem equipamentos de segurança como o capacete. Nas cidades do interior, os motociclistas não utilizam os equipamentos obrigatórios.
O resultado dessa negligência do poder público é a extensa lista de acidentados para fazer as cirurgias eletivas e corretivas. Até atender esta grande demanda, o INSS, o Estado e as prefeituras vão gastando recursos para manter esses pacientes em casa. É necessário, após realizar as cirurgias eletivas, promover uma discussão profunda sobre a utilização de motos para o trabalho. As avenidas e ruas se tornaram corredores de criação de deficientes, por conta da omissão das autoridades de trânsito.