Parece título de uma crônica de Nelson Rodrigues, mas é um fato real de nosso Estado. A trama se inicia no Hospital Regional de Iguatu, primeira grande experiência na regionalização do atendimento em saúde no Ceará. Este município recebeu uma policlínica e o velho prédio do provecto Hospital Santo Antônio, construído em 1930, foi restaurado fisicamente, recebendo modernos equipamentos, a fim de atender pacientes de 13 municípios circunvizinhos.
Em 2011, foi reaberto como modelo pioneiro de atendimento moderno e servindo em várias especialidades a 13 municípios da região. Entretanto, a gestão irresponsável de dirigentes do hospital destruiu as finanças e serviços importantes para a população deixaram de ser prestados. Em 2023, o deputado estadual Marcos Sobreira e um grupo de 13 prefeitos pediram a intervenção do hospital, em ato nunca visto: o poder público contra o poder público.
Na realidade, o deputado Sobreira e os prefeitos querem uma readequação para a unidade hospitalar voltar a atender pessoas com qualidade, o que não envolve política partidária. A auditoria realizada pela Secretaria de Saúde confirmou a tese dos defensores da intervenção.
O caso de Iguatu, onde um hospital regional chega à falência, não invalida nem desmerece o projeto em curso de regionalização dos hospitais de alta complexidade, implantação de policlínicas em 21 regiões e de UPAs em 35 municípios, além da grande rede de postos de saúde na atenção primária.
O que revela o caso de Iguatu é a necessidade de se colocarem pessoas sérias, competentes e comprometidas com o atendimento de boa qualidade, além da fiscalização permanente, que não pode deixar de ocorrer. O caso de Iguatu fugiu à ouvidoria bem estruturada da Secretaria de Saúde, algo, também, a ser investigado.