sexta-feira, 19 de maio de 2023

Deputados do PL sentem-se vítimas da justiça: “Aos inimigos o facão e o rigor da lei”.


No Ceará, existe um município onde, durante décadas, a justiça emanava dos poderosos. O lugar se chama Jaguaribe, palavra cujo significado é "rio das onças”. Pois bem. Do início do século passado até os anos 1970, a lei era a dos coronéis da política, os fazendeiros, ou seja, dos líderes que decidiam quem iria morrer e com quem ficariam a terra e a água. Quem namorasse escondido a filha de um destes poderosos poderia ser castrado com facão. Quem roubasse poderia ter as mãos decepadas com machado ou foice. Era a lei do município, naquele tempo: a lei do homem. Ali, três famílias decidiam o destino de todos os moradores: os Távora, os Diógenes e os Barreira. Virgílio Távora, grande liderança do Ceará, tinha sangue jaguaribano.


Nos tempos atuais, não se pode repetir o que ocorria no Jaguaribe antigo: seriam todos enquadrados na lei, no Código Penal. Os deputados estaduais do PL estão desesperados, sem saber qual crime cometeram. "Se o partido errou, por que punir os deputados que sequer sabiam do problema?". A pergunta do jovem deputado Carmelo Neto está no ar. Faz sentido. 


A sentença teve dose exagerada contra os deputados, dizem eles, e o partido, que cometeu o suposto crime de tentar fraudar a lei de cotas, não foi punido. Para os parlamentares, que estão próximos de perder seus mandatos, eles foram enquadrados dentro da lei do facão: “Aos amigos tudo e aos inimigos a lei”. Está claro, na mente dos deputados Sargento Reginauro e Carmelo Neto, que existe uma operação em curso para eliminar a direita e estão usando o facão.