sexta-feira, 13 de janeiro de 2023

Referência, Hospital de Saúde Mental do Ceará é espaço de apoio para devolver o desejo de vida


Referência em Saúde Mental no Ceará, o Hospital de Saúde Mental Professor Frota Pinto (HSM), localizado em Fortaleza, conta com emergência psiquiátrica aberta 24 horas para receber pacientes com transtornos mentais graves e que estejam em crise. Para pessoas que precisam de internamento, o Hospital conta com 180 leitos de internação, sendo 160 para tratamento de pacientes com transtornos mentais gerais e 20 leitos para dependentes químicos.

Para pessoas que não precisam de internação, mas necessitam de acompanhamento especializado, o HSM oferece atendimento ambulatorial psiquiátrico, coordenado pela Residência em Psiquiatria do Hospital, atendendo crianças, jovens, adultos e idosos. A unidade dispõe, ainda, de dois Hospitais-Dia: Elo de Vida, que atende pacientes com dependência química, e o Lugar de Vida, voltado para o atendimento aos pacientes com transtornos mentais que apresentam quadro de saúde estável. O HSM completa 60 anos em 2023.


Humanização


É no Hospital-Dia Lugar de Vida que Iraci reencontra motivações para seguir em frente. Motivações apagadas pelo medo da solidão que, em 2020, foi acentuado por conta do distanciamento social necessário no enfrentamento à pandemia da covid-19. “Eu fiquei em pânico. Achava que a maior solução era morrer, porque não tinha mais sentido a minha vida. Eu só dormia, não me alimentava, e chorava. Tive muitas crises desde que cheguei aqui, mas fui muito bem acolhida pela equipe do Hospital-Dia”, conta.


A depressão é um transtorno mental caracterizado por sentimentos negativos e causado por uma combinação de fatores genéticos, biológicos, ambientais e psicológicos. Pessoas com depressão são afetadas na capacidade de trabalhar, dormir, estudar, comer e socializar.


O desejo de vida que hoje floresce em Iraci está enraizado em cada etapa do tratamento e nas bonitas miudezas que ela descobre no cotidiano ao lado dos colegas. “Aqui, mesmo quando estou muito ansiosa, eu saio cortando flores e plantas para fazer arranjos. As meninas me chamam de florista. Enfeito até as salas do Hospital. Mas nem todo dia é fácil. Cada degrau da escada que a gente sobe é uma conquista”, registra.



Além dos arranjos florais, Iraci participa de atividades com pinturas e música.


Para o psiquiatra e diretor clínico do HSM, Helder Gomes, cuidar da saúde mental é uma questão de saúde pública. A preocupação com o tema, inclusive, cresceu muito durante a pandemia. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, em 2020, foi registrado aumento de 25% em casos de depressão e ansiedade na população mundial. Ainda segundo a OMS, o Brasil é o país com maior prevalência de depressão na América Latina, além de ser o segundo país com maior prevalência nas Américas. A sensibilização sobre o tema ganha mais força com a campanha Janeiro Branco, cujo foco é a prevenção de alguns transtornos psiquiátricos.

“A Organização Mundial da Saúde define que saúde mental significa não somente ausência de doença. Ou seja, não significa dizer que não tem depressão ou ansiedade. Ter saúde mental é um contexto mais amplo que vai envolver bem-estar, qualidade de vida, capacidade de interação social, prática do lazer e trabalho. Um contexto que compreende estar bem consigo mesmo e com a sociedade. Você estar bem não significa a ausência de doença, até porque problemas acontecem em nossas vidas o tempo todo, então é importante sabermos lidar com isso da melhor forma possível”, explica Helder.


Para Helder, a sociedade precisa conversar mais sobre saúde mental. Sobre a busca por atendimento, o psiquiatra ressalta que o HSM, por se caracterizar como uma unidade do nível terciário de Atenção à Saúde, ou seja, destinado a atender casos psiquiátricos de alta complexidade, tem na Rede de Saúde Mental o reforço necessário. “Temos 80% dos casos psiquiátricos resolvidos nos postos de saúde, que fazem parte da Atenção Primária à Saúde. Os casos mais graves são encaminhados para os Centros de Atenção Psicossocial (Caps). No Ceará, nós temos Caps gerais, para atendimento de adultos; Caps infantis, para atendimento de crianças e adolescentes; e Caps AD, destinados a pacientes com dependência química relacionada a álcool e outras drogas. O HSM, então, fica de retaguarda para casos graves que os outros locais não conseguem atender”, sublinha.