quinta-feira, 5 de janeiro de 2023

“A quem perdeu, cabe lamber as feridas e se preparar para uma próxima”, diz Gilmar Mendes

Durante a cerimônia de posse do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF) mandou, nesta segunda-feira (2), recados claros ao dizer que a disputa eleitoral foi encerrada e, a quem perdeu, cabe “lamber as feridas e se preparar para uma próxima eleição”. Ele não citou o nome do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).


“A eleição se encerra. Cabe a quem ganhou, governar. E obviamente, quem governa precisa de ordem, de paz e não de conflituosidade. Quem eventualmente perdeu, com uma margem maior ou menor, recebe uma designação para fazer oposição. Também é uma missão constitucional”, disse Gilmar.


O ministro disse que é fundamental respeitar os dissensos e a liberdade de expressão, questões que não podem, segundo ele, colocar em xeque a democracia.


“E acho que essa é uma grande missão”, reforçou. Ele ainda disse ter acompanhado com “preocupação” casos vivenciados durante as eleições, como boicote de empresas e interdições de rodovias em Mato Grosso, que visavam influenciar os resultados das urnas.

Em tom pacificador, Gilmar afirmou que, em um país dividido por “paixões”, é fundamental mostrar às pessoas que, apesar do resultado eleitoral, a vida continua e todos devem manter a união em defesa do Brasil, respeitando os limites da democracia.

“Avançamos progressos significativos dentro dos marcos democráticos”, disse, ao citar a Constituição Federal de 1988.

Conhecido como um “ministro do Centrão”, com perfil mais político, Gilmar disse ainda que não se pode ter adversariedade política como elemento de inimizade absoluta.

“O adversário, e a gente está vendo isso na composição do ministério, o eventual adversário de ontem é o aliado potencial de hoje. A democracia se faz assim”, afirmou, citando a composição ministerial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que abarca nomes que apoiaram, inclusive, o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).


(Estadão)