sexta-feira, 15 de julho de 2022

Apoio do PDT a Camilo ao Senado pode não seguir caso haja quebra de aliança


Por Kelly Hekally

De Brasília

kelly.hekally@opiniaoce.com.br

Por trás do embate que se transformou em silêncio nos últimos dias entre entre PDT e PT, um plano considerado milimetricamente pensado e consolidado pode acabar submergindo: o apoio do PDT à candidatura de Camilo Santana (PT) ao Senado Federal nas eleições deste ano.

A confirmação de convergência em torno do nome do ex-governador do Ceará para a concorrer à vaga este ano ocorreu ainda no primeiro semestre, internamente, com a sinalização positiva do apoio da sigla presidida por André Figueiredo no Estado.

Caso haja ruptura da aliança histórica, de 16 anos, no Ceará, o PDT fica com a indicação a três cargos majoritários para o pleito, assim como o PT: governador, vice-governador e senador. “Seremos obrigados a indicar outro nome”, afirma um parlamentar do PDT ao OPINIÃO CE. “Acredito que o PT vai acabar entendendo que o melhor projeto para o Estado é o de continuar com essa aliança, que vem dando certo. ”

Também à reportagem, um parlamentar do PT reiterou, na última quarta-feira (13), que, caso a candidatura do PDT a avançar seja a de Roberto Cláudio ao Palácio da Abolição, o racha vai ocorrer. “Não abrimos mão da Izolda Cela.”

Por todo contexto de discussão e da investida de petistas nas últimas semanas para emplacar o nome de Izolda Cela à briga nas urnas pelo Governo do Estado, a probabilidade atual é de que o nome do ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio, seja o deliberado na próxima segunda-feira, 18, em reunião interna do PDT para fechar consenso em torno de quem vai disputar a permanência do partido na administração estadual, apontou outra fonte.

“Aceitar uma imposição do PT é acatar uma intromissão totalmente externa em nosso partido. Isto não podemos aceitar. Desde o início, houve articulação e diálogo para alinharmos o projeto da aliança nas eleições deste ano. Por que temos que nos submeter a um grupo pontual do PT, os mesmos descontentes de sempre, que não querem aceitar o que estava sendo construído.”

Ao ser questionada sobre se o PDT estaria disposto a abrir margem para uma eventual vitória de Capitão Wagner (União Brasil) em detrimento da uma possível vitória do partido, a fonte afirmou que sim.

SILÊNCIO APÓS A REUNIÃO
Na reunião ocorrida no início desta semana, na segunda-feira, 11, Ciro Gomes e André Figueiredo dialogaram sobre divergências internas e externas e pediram para que a postura dos próximos dias seja de silêncio e cautela. No encontro, o mal-estar vigente com Camilo Santana foi tratado – parte da sigla considera que o ex-governador agiu com “ingratidão” ao “apontar outros caminhos que não os acordados previamente.”

A deliberação foi de conversas com Camilo Santana antes de que o martelo pedetista seja batido. O ex-governador, por sua vez, vem justificando sua sinalização a Izolda Cela por considerar que sua escoolha seria um encaminhamento justo à governadora, que foi sua vice em ambos os seus mandatos.

Também ao OPINIÃO CE uma das fontes confirmou que, na avaliação da cúpula do PDT Ceará, dois nomes realizaram busca ativa por prefeitos objetivando o apoio para o nome de Izolda Cela para as eleições: José Nelson Martins de Sousa e Júnior Castro, este presidente da Associação dos Municípios do Estado do Ceará (Aprece), ligado a Evandro Leitão (PDT), presidente da Assembleia Legislativa do Ceará (ALCE).

Cid Gomes, um dos descontentes com as recentes declarações de nomes do alto escalão do PT Ceará, pediu para que Ciro Gomes assumisse a articulação da corrida política cearense de outubro. Sobre Eunício Oliveira, presidente do MDB-CE, uma das fontes ouvidas ponderou que o PDT não manterá sua orientação de não subir no mesmo palanque política de Eunício Oliveira.

“Preferimos, se for o caso, que Eunício fique com o Capitão Wagner.” Em abril deste ano, Eunício disse à reportagem que o apoio de sua sigla irá apenas para Izolda Cela.