sexta-feira, 24 de junho de 2022

PT foi cruel com Ronivaldo Maia, ao condená-lo antes da decisão da justiça


A candidatura do ex-presidente Lula à presidência da República aparentemente mexeu com o PT, um partido que esteve para ser extinto, por duas vezes. A primeira foi durante o mensalão, a distribuição de propina para deputados e senadores. A segunda na Operação Lava Jato, quando figurões da República e grandes empresários foram presos. A resistência de Lula manteve o partido vivo, porque ele acreditou na sua inocência e não deixa de reconhecer que “companheiros” fizeram coisa errada, mas que sua prisão era injusta. 

Pois bem. O PT do Ceará, ao decidir pela expulsão do vereador Ronivaldo Maia, um expressivo militante do partido, foi injusto e cruel com alguém que nasceu na legenda e nunca cometeu crime. O caso de feminicídio onde Ronivaldo é réu ainda está em fase de análise pelo poder judiciário e mantido em segredo de justiça. O processo, um dia, se tornará público e saberemos o que realmente aconteceu entre o vereador e sua companheira de trabalho. Como pode o vereador ter sido julgado pelo PT, se o processo segue em segredo de justiça? Aliás, mais uma pergunta cabe ao PT: por que esse processo segue em segredo?

O advogado Deodato Ramalho, respeitado jurista e um dos destacados quadros do PT, defende Ronivaldo Maia nesse processo. Ético, não fala sobre o processo, mas avalia a decisão do Conselho de Ética que decidiu pela expulsão do vereador: “Ronivaldo foi expulso pelo grupo do Guimarães”. A declaração mostra a caracterização de um julgamento político, tudo que o Lula condena. O placar de 26 a 26 com o voto de minerva do presidente do partido, o Conin, ligado ao deputado federal José Guimarães, deixa claro que o julgamento foi político e é um ponto fora da curva. 

O cruel julgamento de Ronivaldo Maia, que não tem perfil para cometer feminicídio, me fez lembrar o caso do vereador do município de Barreiras, conhecido como Venâncio. Ele manteve a companheira em cárcere privado, espancando e torturando. Filiado ao PT, nunca foi julgado, sequer chamado para explicar seus crimes de feminicídio. O PT é um partido que não aprende as lições. Ronivaldo Maia decidiu recorrer junto à direção nacional do parido. Seguirá na sigla.