sexta-feira, 25 de março de 2022

O difícil diálogo na campanha do ódio


O tom da batalha eleitoral será bem diferente das  campanhas anteriores a 2022. O sinal claro foi exibido pelo presidente Bolsonaro, na sua passagem pelo município de Quixadá, no Sertão Central, onde lançou programa de perfuração de poços. Com discurso pronto, ele partiu para o ataque contra o ex-presidente Lula, acusando-o de ter provocado um prejuízo de R$ 1,4 trilhão ao Brasil, com a corrupção na Petrobras e em concessões de empréstimos do BNDES nunca pagos.  

A plateia presente ao ato de governo transformado em comício mostrou como será dura a maratona eleitoral, onde o ódio vai pautar os debates. O PT deu o troco ao presidente, denunciando à Procuradoria da República a existência de um gabinete paralelo no Ministério da Educação, que atuaria como intermediário, na sala vizinha a do ministro, liberando verbas em troca de propina. Dois pastores seriam os donos do gabinete, com aval do governo. Bolsonaro não escondeu a revolta. “Estamos ha três anos e três meses sem registro de corrupção”, se defendeu. 

A plateia gritava: “Lula ladrão”, enquanto Bolsonaro acionava sua metralhadora contra Lula e o PT, sempre, tratando o ex-presidente como “o ladrão”. Na ofensiva, prestou contas do seu governo e partiu para o ataque contra os governadores. “Eles dizian, fiquem em casa, na pandemia. Eu mandava o povo trabalhar. O resultado foi o desemprego, a economia em dificuldades. Mandei pagar o auxílio emergencial e eles, os governadores, mandando ficar em casa”, disparou. 

O tiroteio verbal entre lulistas e bolsonaristas tem claro objetivo político mas, também, táticas de marqueteiros. A briga entre Lula e Bolsonaro fecha a porta para uma terceira via, deixando os dois na liderança das pesquisas. Ciro Gomes e Sérgio Moro não conseguem furar o bloqueio. 

O ptefeito de Quixadá, Ricardo Silveira, aproveitou a empolgação de Bolsonaro para pedir a reforma do açude do Cedro e mais dinheiro para a área da saúde. Recebeu sinal verde. O município de Quixadá tem um significado importante para o ataque de Bolsonaro: era um território do PT. O município, sempre, esteve no controle da esquerda, principalmente dos petistas, com Ilário Marques.