quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

Tasso e o destino de João Dória


O senador Tasso Jereissati foi o autor do primeiro lance para derreter a candidatura João Dória ao Palácio do Planalto. O cearense considerou a candidatura da senadora Simone Tebet (MDB) mais competitiva e aglutinadora. Dória assimilou o lance cerebral ao fugir da próxima jogada do senador. Manobra com possibilidades de formar alianças junto a candidatos de terceira via. 

O governador é um tipo de político que nega a política. Sempre, se apresenta como um elemento empresário, emprestado ao serviço público. É um negacionista moderno. Gosta do poder, de ser ordenador de despesa, dos bilhões do serviço público, mas odeia sentar à mesa para dialogar com agentes públicos de verdade, como os líderes do Congresso Nacional ou do seu próprio partido. O Mundo é a sua mente. 

Nas prévias do partido,  passou pelo Ceará, se reuniu com eleitores de voto nas prévias que poderia cooptar, e foi embora, sem conversar com a cúpula do partido, onde está o senador Jereissati. O balcão de negócio é a articulação de Dória. Algo que não dura muito na política no tempos de redes sociais. Ele atropelou o estatuto partidário. Não fez campanha, arrumou votos.

Todas as decisões importantes, sejam no campo econômico ou político, passam pelo estado de São Paulo, maior centro empresarial da América Latina e Estado possuidor da maior representação política da Nação. Tem a maior bancada federal, grande quantidade de prefeitos, maior número de juízes, desembargadores e orçamento da Nação, só perdendo para o da União. Dória está bem situado no mapa. Sua expressão política não ultrapassa São Paulo, Estado que, segundo as pesquisas, lhe nega a reeleição. Ele parece querer encerrar sua passagem pelo poder público, sendo derrotado numa disputa presidencial. Fica melhor para o tamanho da sua vaidade. 

O cearense Tasso Jereissati, por sua vez, parece ter descoberto o diagnóstico de Dória. Meteu a agulhada. O remédio fez efeito. Dória começa a se tornar um ser humano. Está tentando conversar, mas poucos querem conversa com ele. Ele simplesmente não suporta o balcão político. Sua candidatura está derretendo, bem mais rápido do que o imaginado. No final de março, terá que renunciar e pode virar pó. Também, seguir governador, entrando no projeto da reeleição e ser um candidato abraçado a um competidor a presidente anti-Lula e Bolsonaro. O Dória não foi feliz, ao se sentir um dono do partido tucano, onde corre risco de cair durante o voo.