domingo, 27 de fevereiro de 2022

Ciro enxerga boa chance com certidão de candidato limpo


Ciro Gomes com certidão negativa da Justiça Federal constrói discurso ainda mais agressivo contra a roubalheira oficial. Ele não imaginava um presente dessa monta para ejetar sua campanha. Foi um lance do então juiz Sérgio Moro, para tentar tirar Ciro da disputa. O STJ sepultou o processo. Terá que construir provas para sair da prateleira. 

A decisão da justiça está publicada. Nada foi encontrado na casa de Ciro, no seu telefone e computadores sobre a construtora Galvão Engenharia. No dia da ida da Polícia Federal à sua residência, na Praia de Iracema, o pré-candidato afirmou que “os policiais estavam constrangidos, pedindo licença e se desculpando”. 

A operação desastrosa que, segundo Ciro Gomes, partiu do Palácio do Planalto, tinha tinha como objetivo uma meta natural nesse período eleitoral: tirar seu discurso de ficha limpa e colocá-lo na vala comum “onde estão, Lula, Bolsonaro e o próprio Sérgio Moro”. Ciro ganhou combustível para os debates que devem chegar logo, bem antes da campanha. 

Não é fácil suportar ataques diários nas redes sociais. Infelizmente, faz parte. Todos os candidatos apanham. Lula e Bolsonaro têm máquinas partidárias gigantes e governos para bancar a mídia. Ciro tem o PDT com um orçamento minguado. O candidato estabeleceu uma linha de separação com banqueiros, o mercado de ações e os especuladores. Ele quer conversar com quem produz, trabalha. Com os que ganham dinheiro deitado no sofá, apostando nas bolsas e nos juros para enriquecer, o pré-candidato do PDT não quer diálogo. Ciro prefere tê-los como adversários e ficar com o legado, abrindo mão do caixa gordo e “generoso”, dos bilionários. 

Com a certidão negativa de ficha limpa, homem honesto, com passado investigado e nada encontrado, Ciro Gomes, prepara para depois do carnaval uma arrancada. Quer aproveitar a janela partidária para filiar gente agregadora, juventude, lideranças com história de serviço prestado. Pretende abrir o PDT, até então, um partido muito fechado e de difícil filiação pela exigências morais, éticas e políticas. 

O processo eleitoral está em curso. São muitas as manobras e golpes para destruir adversários. O que o eleitor deve levar em conta é o que sai da boca dos pré-candidatos e não de edições truncadas, feitas para enganar a opinião pública. Ciro precisa descolar de Sérgio Moro e mirar em Bolsonaro ou Lula. O eleitor parece, ainda, focado no ex e no atual presidente. Ciro quer o lugar de um deles. 

As pesquisas eleitorais mais recentes exibem o completo desinteresse da opinião pública pelas eleições de outubro. Se valendo dos resultados divulgados, apenas 12% dos brasileiros definiram o voto, cerca de 70% mostram desinteresse pela eleição. Ciro sabe que nesse universo gigantesco, que não quer saber da eleição, muitos podem buscar uma terceira via. Essa é a aposta.