segunda-feira, 8 de novembro de 2021

O Auxílio é bom. A forma para aprová-lo é condenável

 


O governo federal se articulou bem e o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, mostrou porque está no cargo. A aprovação do Auxílio Brasil foi a primeira grande vitória do governo Bolsonaro na Câmara dos Deputados. Mais: aprovou o auxílio, retirando dinheiro de verbas carimbadas, que constavam no Orçamento deste ano, para pagar precatórios. Algo surpreendente e quase impossível de acontecer. Foi uma machadada na oposição porque parte dos parlamentares que aprovaram o Projeto de Emenda Constitucional que ficou conhecida como PEC dos precatórios tem ligações com áreas como a educação, de onde foram retirados recursos. A atuação do presidente da Câmara Federal, Artur Lira (PP) foi, também, fundamental para a retumbante vitória. 

Os derrotados ficaram surpresos com a votação dos oposicionistas, que se uniram ao governo, e denunciam a chuva de dinheiro, através de emendas parlamentares, sobre o plenário da Câmara. Quando saiu do Palácio do Planalto, de onde estava sendo disparada a liberação de emendas, Artur Lira foi direto para o plenário, com o nome de cada deputado que iria votar a favor da PEC dos precatórios. Cada um recebeu entre R$ 20 e R$ 30 milhões em emendas, pelos dois turnos de votação. 

O PSD, partido de centro, votou contra. Foi uma decisão partidária. O PDT, partido de centro-esquerda não fechou questão e boa parte virou com o governo. No Ceará, quatro deputados do PDT votaram a favor da PEC, garantindo a aprovação e a irritação da direção nacional do partido. 

Os parlamentares não são contrários ao Auxílio Brasil, mas condenam a PEC por retirar direitos adquiridos, enfiando goela abaixo o desejo do governo. Uma derrota dos professores, que seriam beneficiados com precatórios, após anos de luta na justiça. Outro ponto condenável. 

Deputados estão recebendo quase R$ 10 bilhões em emendas para votar a favor ou não aparecer no plenário. Os oposicionistas queriam usar esse dinheiro, visando o aumento do Auxílio Brasil para R$ 500.

Para a história, vai valer a grande vitória de Bolsonaro no plenário da Câmara Federal e a articulação do centrão, que mostrou a cara, exibiu sua força e coragem para agir, sem a preocupação de jogar para a plateia. Para o grupo, o dinheiro e nomeações são  peças fundamentais na aprovação de qualquer projeto. É o Brasil do tomá-lá-dá -cá, ressurgindo ainda mais forte, patrocinado por um governo eleito jurando sepultar o centrão. Hoje, Bolsonaro se mantém no cargo por obra desse grupo. A fatura é alta. 


O segundo turno da PEC dos precatórios será nesta quarta ou quinta-feira. O centrão quer aumentar o placar. Apenas cinco votos livraram o governo da derrota. Na outra ponta, partidos de oposição querem que filiados revejam os votos. O embate promete aquecer a semana política em Brasília.