sábado, 6 de novembro de 2021

Gilmar Mendes sobre Deltan e Moro: 'Demonizou-se o poder para apoderar-se dele'

 


O ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes foi as redes sociais nesta sexta-feira comentar a iniciativa do procurador Deltan Dallagnol e do ex-juiz Sergio Moro de entrar na política e concorrer nas eleições de 2022. Segundo Gilmar, "demonizou-se o poder para apoderar-se dele".


"Alerto há alguns anos para a politização da persecução penal. A seletividade, os métodos de investigações e vazamentos: tudo convergia para um propósito claro - e político, como hoje se revela. Demonizou-se o poder para apoderar-se dele. A receita estava pronta", postou no Twitter.


O ex-coordenador da Lava-Jato em Curitiba seguiu o caminho de Moro e informou ontem que pediu exoneração do Ministério Público Federal (MPF). Ele deve se filiar ao Podemos — mesmo partido ao qual Moro se filiará na semana que vem para concorrer à Presidência — e sair candidato a deputado federal pelo Paraná em 2022.


Uma provável candidatura de Deltan é vista como uma tentativa de recuperar ao menos em parte, via voto popular, o espaço e visibilidade conquistados durante os primeiros quatro anos da operação contra corrupção. Por outro lado, a decisão de entrar para a disputa eleitoral reforça as críticas de que o procurador tinha interesses políticos durante sua atuação como investigador.

Deltan deixou a força-tarefa da Lava-Jato no ano passado, quando a operação já vinha sendo esvaziada por mudanças encabeçadas pelo procurador-geral da República, Augusto Aras. Ele continuou, no entanto, atuando no MPF.


“Após mais de 18 anos de trabalho em amor ao próximo, estou saindo do Ministério Público e queria contar a você o porquê. Minha vontade é fazer mais, fazer melhor e fazer diferente diante do desmonte do combate à corrupção que está acontecendo”, escreveu ele.

Em um vídeo publicado no YouTube, Dallagnol disse apenas que, fora do MPF, vai poder avaliar com mais liberdade o caminho a seguir e o que poderá fazer em defesa das teses em que acredita, como o fim leis que dificultam o combate à corrupção.

— A sensação é que o que fizemos está sendo desfeito, e a impunidade dá carta branca para que quem nos rouba continue roubando. Isso precisa parar — disse Dallagnol no vídeo, acrescentando que vai refletir e orar sobre as ideias que tem para atuar fora do Ministério Público e que comunicará a seus seguidores sobre as decisões que tomar.