quinta-feira, 4 de novembro de 2021

Deputados e senadores fogem do debate sobre população buscando comida no lixo

Estamos vivendo uma guerra de números sobre famintos, miseráveis, população abaixo da linha de miséria. Enfim, sabemos que cerca de 30 milhões de pessoas estão buscando comida no lixo. Também, que os beneficiados pelo Bolsa Família, agora “Auxílio Brasil”, compram ossos para dar sabor à água que é aquecida em fogo à lenha por não ser possível comprar o gás. Para o Brasil, esse cenário é estarrecedor. Para o Mundo, destrói a imagem do nosso país, que já não é lá essas coisas. 

A pandemia que atingiu o Planeta, afetou a economia de todos os países. Quase todos conseguiram reagir e buscaram saídas, menos o Brasil. A conta da bagunça que se tornou a economia nacional é vergonhosa. O governo brasileiro não sabe como segurar a carestia, que atinge o lombo do brasileiro mais pobre e as chamadas classes C, D e E. Qualquer universitário sabe que, em crises econômicas, os ricos ficam mais ricos e a miséria aumenta, por conta da inflação, alta de preços e o desemprego. 

No país governado por Bolsonaro, há um ano se debate um socorro aos miseráveis. A única novidade nesse intervalo foi a troca do nome do programa social para “Auxílio Brasil”. Dinheiro para pagar o benefícios não existe, ainda. É lamentável a insensibilidade da área social do governo federal. A fome não pode esperar por resultados da burocracia oficial. 

Pior: deputados federais e senadores manobram para empurrar, com a barriga, uma solução, se somando ao governo. Os líderes dos partidos que possuem autorização para operar cerca de R$ 30 bilhões do Orçamento da União, não conseguem buscar saída para pagar o auxílio às 17 milhões de famílias famintas. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP) negociava aprovação de um benefício aos pobres como cédula eleitoral e não como um estadista, em manobra com o Palácio do Planalto, cravando uma moldura triste para um cenário de barbaridade. 

O Programa “Auxílio Brasil”, aos poucos, vai se tornando uma armadilha eleitoral. Será pago, a partir de novembro de 2021, e tem data para o sepultamento: dezembro de 2022, dois meses após a eleição presidencial. O que era política de Estado, foi transformado em política eleitoral. O Congresso Nacional pode e deve mudar esse roteiro cruel, aprovando valor maior e tirando a data para encerrar o programa Auxílio Brasil.   

Osso no almoço e nada para o jantar, resto de madeira para fazer o fogo porque o dinheiro do gás é insuficiente para aquecer a comida recolhida do lixo. Mães, com crianças pedindo dinheiro, roupa e comida, nos cruzamentos das ruas chiques. Os hospitais lotados de desnutridos. A batalha entre os carniceiros que foram eleitos pelo povo segue nos palácios de Brasília e a fome vai se tornando cada vez mais visível. Os ricos e o poder público precisam avaliar o atual cenário, para evitar o pior.