Neste sábado, 16/10, foi realizado mais um “Sopão da Irmã Clemência”, programação semanal promovida por seguidores da freira que está está sendo canonizada e pode se tornar a primeira Santa do Ceará, pelo Vaticano e a terceira brasileira.
“Tudo que fizeste a um destes pequeninos é a mim que tu fizestes”
Irmã Clemência
A sopa distribuída segue um rito que a freira cumpria.
Geralmente as freiras desenvolvem obras de caridade, de educação a crianças e jovens, entre outros tipos de apostolado, além de participação ativa em diversas áreas da sociedade. As freiras, por norma, fazem parte de ordens ou congregações religiosas de características mendicantes. Irmã Clemência dedicou a vida a cuidar de doentes com doenças infecciosas transmissível como a lepra, varíola, tuberculose, queimados, doentes e até esfaqueafos.
Irmã Clemência foi filha da Caridade de São Vicente de Paulo. Era uma freirinha franzina, nascida em Redenção, no Ceará, em 1896, que viveu até 1966, já perto de completar 70 anos. Em casa, era "Benecinha", Francisca Benícia de Oliveira, a primogênita de 13 irmãos. Escritos do confrade vicentino Murilo Alves Bessa e da irmã Elisabeth Silveira, da mesma ordem, falam de muitas obras de bondade, atos de caridade e o exercício do dom de cura, praticados entre Fortaleza, Pacoti e Baturité, por onde ela esteve em 47 anos de vida religiosa. Foram oito meses de noviciado no Rio de Janeiro e logo Benecinha vestiu o traje de sua vocação: o hábito e um chapelão branco que a caracterizavam.
Há mais virtudes de Clemência sendo investigadas pela Igreja Católica no processo de beatificação que tramita no Vaticano. A história a seguir é contada em relatos biográficos como um feito de milagre. Os anos foram apagando nomes de personagens, datas e confirmações. Já tarde da noite em Baturité, a ocorrência policial era de um homem esfaqueado, agonizando, levado para o chão da delegacia local. O intestino exposto como estava, era certo que não resistiria. Não conseguiam ambulância para levá-lo até a Capital nem um médico àquela hora. O delegado lembrou de chamar a freira.
A religiosa era afamada na região do Maciço por atender e cuidar de miseráveis em todo tipo de mazela. De feridentos com pestes de pele a tuberculosos, queimados, gente com verminoses, verrugas de bouba, hemorragias e outras pragas. Nunca estudou enfermagem nem medicina, aprendeu na lida. Foram buscá-la para o socorro, Clemência se dispôs como sempre.
No ambulatório São José, onde todo dia remediava a pobreza da cidade, a freira juntou o que tinha de material curativo (gazes, esparadrapos, álcool, mercúrio). Ferveu água para esterilizar uma agulha de costurar sacos de grãos. Chegou aonde estava o homem e fez uma oração. Decidiu suturá-lo e só dispunha de linha comum. Policiais e mais alguns de testemunhas viram quando Clemência recolocou as vísceras de volta ao abdômen do esfaqueado e ponteou-lhe a barriga ali mesmo, no chão. Apesar das condições, o sujeito sobreviveu, escapou até de infecção e sarou em poucos dias.