sexta-feira, 23 de julho de 2021

Bolsonaro entrega governo ao “Centrão” em manobra para salvar seu governo que está afundando, segundo as pesquisas

 


Não deve ter sido fácil para o presidente Bolsonaro tomar a decisão de entregar seu governo e o Diário Oficial ao chamado “Centrão”, um bloco de partidos e parlamentares que tem dado as cartas no Brasil dentro do regime presidencialista. Bolsonaro foi eleito jurando estirpar, destruir o centrão, que para seu grupo era o fomentador da roubalheira ou assalto aos cofres públicos. O Central tem, agora, ministérios e o Diário Oficial, é o poder completo. 


Trazendo para o exemplo municipal, o centrão existe nas câmaras municipais. O prefeito de Aquiraz, Bruno Gonçalves, diz que não governa porque um grupo de vereadores que forma a maioria  não deixa. Em Juazeiro do Norte, o prefeito eleito e já cassado, Gledson Bezerra, saído do Centrão da  Câmara da cidade, está revoltado com os ex-colegas. Em Maracanaú e Eusébio, os prefeitos tiveram que pedir a população para não votar em vereadores corruptos do centrão e elegeram a maioria. As cidades melhoraram. Em Maracanaú, a maioria correta denunciou um presidente da casa corrupto. Cassaram o corrupto do cargo e o entregaram à polícia. O Centrão é uma praga e ao mesmo tempo um antídoto, depende do governo de plantão. Bolsonaro que pertenceu a Câmara Federal por 28 anos conhece bem. 


As demonstrações públicas na qual o governo vai bem são realizadoras e têm  grandes resultados, não batem com o levantamento real, os relatórios do TCU e de outros órgãos de fiscalização. Pior, a classe política e o povo também não confirmam tais realizações. Os passeios de motos que se tornaram eventos políticos só aceleram a empolgação dos grupos de whatsApp que mantém vivo o governo e a imagem de um presidente que insiste em investir no isolamento político. 


A chegada do Centrão ao comando político do Palácio do Planalto vai garantir a governabilidade política com controle absoluto da maioria no Congresso Nacional o que faz evitar impeachment e cria raízes políticas nos estados, algo que o governo nunca se preocupou, pelo contrário, o governo Bolsonaro se tornou inimigo dos governadores, prefeitos e deputados. A imagem do presidente nos estados e municípios é a de ter negado a vacina, o auxílio emergencial de R$ 600 e responsável pelo corte de recursos para a educação e saúde.  


Há um ano e meio de concluir o mandato, o governo Bolsonaro pode, ainda, fazer um “cavalo de pau” e inverter a curva de descrédito e impopularidade. O Centrão tem mestres na arte de governar, só é necessário conter a gula e olhar bem para o cofre. Os escândalos do passado remetem a obrigação de ter juízo.


Bolsonaro foi eleito para conter a corrupção. Não conseguiu. O eleitor lhe confiou o poder de construir um Brasil com pleno emprego. Bolsonaro não conseguiu. A pandemia seria grande oportunidade para exibir um governo realizador. Bolsonaro foi na contramão, sendo contra medidas sanitárias, como evitar aglomeração, cuidar dos doentes com tratamento seguindo protocolos mundiais e abominou comprar vacinas na hora certa. Nunca é tarde para um recomeço, quando se pretende alcançar metas pedindo desculpas ao contribuinte.