sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

Bolsonaro mostra as as armas

Na sala de reunião do Palácio do Planalto, o presidente da Anvisa, almirante Antônio Barra Torres, nomeado por Bolsonaro, cumpre direitinho as regrinhas do chefe. 

O órgão só se move por ordem do presidente. O desconhecimento do almirante sobre remédios e vacinas é comparável ao do neófito general Eduardo Pazuello. Ambos tem algo em comum que agrada ao chefe: levam todos os assuntos ao gabinete presidencial.  Seguem a ordem do dia. Tem um terceiro nome, que pouco aparece, mas funciona como ordenança: o deputado Osmar Terra. 

Como não entendem nada de fabricação de vacinas, muito menos de qualidade, para escolher o melhor na hora das compras, o almirante e o general não se movem sem as impressões do Palácio do Planalto. 

Os deputados e senadores, pressionados pela população, querem agilidade e pressa nas compras. O governo não tem pressa. 

O discurso do almirante da Anvisa e do general Pazuello é o mesmo. Até mesmo os bordões da linguagem militar reproduzem, O pouco trato com os temas compromete as entrevistas. Os militares fazem um pequeno pronunciamento e somem, fogem das perguntas que não conseguem respostas, por desconhecimento.

Bolsonaro silenciou. Só obteve vitórias na semana e está, agora, celebrando. Se deu ao luxo de expulsar o general Mourão, seu vice, da reunião ministerial e mandou acabar com o projeto coordenado por ele  na Amazônia. O presidente parece ter iniciado o caminho para sua reeleição. 

O centrão está sendo bom parceiro. Promoveu Bolsonaro a chefe das tropas no Senado e na Câmara Federal. A testagem segue, não se sabe se a paciência dos líderes desse mesmo centrão seguirá, a rigor, o rito e a linha do quartel.  

Bolsonaro nomeou mais de sete mil militares nos ministérios, entre generais, almirantes, coronéis, oficiais e patentes inferiores. Desfazer esse nó não é fácil. Assessores acham mais prático recriar ministérios, fica tudo mais simples. 

O presidente da República montou seu governo estrategicamente, colocando as forças armadas nos cargos estratégicos, não deixando brecha para políticos e gestores públicos. O clube fechado no quarto andar do Palácio do Planalto não abre mão do poder, principalmente dos oficiais superiores, chamados para a missão de auxiliar o governo. 

A vacina é o único remédio para a Covid. O presidente Bolsonaro não liga muito para a proposta de acelerar a sua produção. Seu objetivo é seguir a pauta da “hora H”. 

Os governadores estão buscando caminhos para retirar o Ministério  da Saúde do negócio de compras de vacina. Encontram barreiras na Anvisa e com o próprio Pazuello. Até o governador paulista João Dória, que mantém parceria forte com a Coronavac, se fechou aos governantes. 

A verdade é que a vacinação no Brasil se arrasta. A meta é pifia. As filas se multiplicam, mas a vacina não atende as demandas. Idosos e profissionais de saúde, todos os dias, tentam a vacina. Se frustram. 

Não adianta deputados e senadores votarem leis que reforçam o liberalismo, abrindo o país ao capital estrangeiro, através do Banco Central. A sociedade quer a vacina. Tem que haver a vacina.