quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

A Mesa (Uma Crônica de Natal)

Por Reginaldo Vasconcelos, advogado e jornalista, titular da cadeira de nº 20 da Academia Cearense de Literarura e Jornalismo

O melhor “conto de Natal” que conheço é aquele em que o jovem marido vende a sua única gravata, de seda italiana, para comprar um broche de ouro – enfeite para os longos cabelos da mulher, na noite de Natal. 

Mas, quando a vai presentear, ela vendera as madeixas douradas para agraciar o marido com um áureo broche de gravata.

Sem poder competir com esse conto delicado, faço uma crônica de Natal com o fato angustiante de que a histórica mesa de mármore-rosa da Tenda Árabe, em torno da qual nasceu a ACLJ, não suportou a prolongada ausência de seus ilustres ocupantes das terças-feiras e tentou o suicídio.

A seção curva da mesa ruiu e se quebrou – e a jazida goiana daquele mármore já se exauriu há muitos anos, sendo impossível adquirir uma nova pedra para fazer a reposição.

A única solução era tentar restaurá-la, tentativa para a qual todos os especialistas cobravam caro, não garantiam conseguir bom resultado, muito menos concluir o trabalho ainda este ano. 

Porém apareceram alguns anjos que se empenharam em enfrentar o desafio, notadamente um tal “Francisco” (que não se perca pelo nome).

Depois de um longo expediente de trabalho ele invadiu a madrugada de hoje bolando pelo chão com suas poções mágicas e suas máquinas milagrosas, até a obtenção do resultado desejado e não garantido pela marmoraria em que trabalha.

Os agradecimentos especiais vão para os confrades Adriano Jorge, Arnaldo Santos e Altino Farias, que se juntaram a nós nessa empreitada. 

Feliz Natal a todos.