A data de 15 de novembro, escolhida para a eleição municipal, é propícia. Marca a queda da Monarquia no Brasil e o nascimento da República. Exército, igreja, políticos e defensores do fim da escravidão já não suportavam a corte portuguesa, o reinado controverso sediado no Rio de Janeiro, capital do país.
Tão divido quanto no final do século XIX , o Brasil procura superar seus conflitos ideológicos e políticos em sucessivas edições. Afinal, o brasileiro vota a cada dois anos. Os americanos exercitam a democracia, através da votação popular, há 270 anos. Direita e esquerda se revezam e mostram a cara. O Brasil, que faz degustação de 35 anos de democracia, vai aperfeiçoando sua linha democrática. Hoje, tem uma direita se posicionando e uma esquerda claramente assumida. A eleição de Bolsonaro, simbolizando a direita assumida, está contribuindo para o aperfeiçoamento do processo ideológico no contexto eleitoral. Os militares, que viviam incomodados, encontraram abrigo em Bolsonaro. Os militares que abraçam a esquerda, também, encontraram sua praia. O voto deste domingo será mais um avanço.
O ano atípico, com pandemia de Covid 19, construiu um novo eleitor, dentro de um contexto denominado "novo normal", ou seja, o passageiro dessa vida terá que conviver com constantes epidemias, doenças agressivas. Esse novo eleitor ficou em casa, por praticamente 120 dias, um isolamento estarrecedor, que esvaziou as principais cidades do mundo, deixou ruas vazias, comércio fechado e a população trancafiada. Nessa temporada de isolamento social, o eleitor aprendeu a ser independente. Aprendeu a lavar roupa, fazer comida, lavar pratos, consertar defeitos elétricos e hidráulicos. Ou seja, a pandemia construiu um cidadão mais completo. A campanha eleitoral mostra, através das pesquisas, o critério que o eleitor está tendo para se definir. Em quase todos os 5.570 municípios, ninguém aposta em quem vai vencer no domingo, 15.
A disputa não está entre os candidatos, muito menos na ideologia de direita e esquerda, mas, sim, no estilo mais exigente do eleitor. Os candidatos estão passando por um Raio X. Será assim, a partir da eleição de 2020.
Em Fortaleza, com a oferta de 10 candidatos, o eleitor pulverizou os votos: quase 60% aceitam mudar de candidato, mudar o voto. A expressão de indecisão mostra o quanto a pauta exposta por eles está sendo estudada.
Roberto Cláudio e Camilo Santana estão fazendo sua parte, impulsionaram o candidato Sarto. Ele segue firme. O candidato Capitão Wagner, também, estabilizado. Luizianne Lins, à sua maneira,se mantém na disputa. O cenário é o mesmo em quase todas as capitais.
O eleitor de Fortaleza já tomou uma decisão: irá escolher o seu prefeito em dois turnos. Parece querer conhecer melhor os candidatos e ver um bom debate para o tira-teima final.