sábado, 3 de outubro de 2020

Ministros de Bolsonaro trocam acusações


Auxiliares do presidente Jair Bolsonaro admitem que azedou  a relação entre os ministros Paulo Guedes (Economia) e Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional).

O bate-boca é a desestabilização na condução econômica, com o debate público sobre a possibilidade de se furar o teto de gastos estabelecido por lei para criar o Renda Cidadã.

Nesta sexta-feira (2), o ministro Paulo Guedes, da Economia, disse não acreditar que o colega Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional) tenha falado mal dele. Mas, segundo Guedes, se falou, é "despreparado", "desleal" e "fura-teto".

Guedes se referia à reportagem do serviço Broadcast, do jornal "O Estado de S. Paulo", segundo a qual, em um encontro fechado com investidores, Marinho teria afirmado que o ministro da Economia foi o autor da proposta — rechaçada pelo próprio Guedes — de usar recursos de precatórios (dívidas do governo já reconhecidas pela Justiça) para financiar o programa Renda Cidadã.

O primeiro alerta de que a relação estava em rota de colisão aconteceu na famosa reunião ministerial de 22 de abril. Na ocasião, Marinho chegou a defender que, na crise emergencial do coronavírus, ninguém poderia ficar preso a dogmas.

Mais recentemente, em 11 de agosto, Guedes afirmou que os auxiliares que aconselham o presidente Jair Bolsonaro a "furar" a regra do teto de gastos estão levando o presidente para uma zona de impeachment. Já era uma referência indireta ao ministro Marinho.

Nos bastidores, um costuma criticar o outro em conversas reservadas. Nesta quinta-feira, véspera dessa fala ao mercado, Marinho viajou com o presidente Bolsonaro para o sertão de Pernambuco.

Nesses últimos meses, o ministro do Desenvolvimento Regional ganhou a confiança do presidente e se aproximou dele com a agenda de inauguração de obras pelo país.