O governo do Ceará foi surpreendido com uma greve construída por meio de WhatsApp, que ganhou proporções jamais imaginadas pelos policiais internautas. A ideia era apenas colocar crianças e mulheres na porta dos quartéis, com cartazes pedindo que o aumento do piso do soldado de R$ 4,5 mil fosse pago ainda em 2020. No processo, começaram a surgir os erros. Colocaram máscaras, enxotaram oficiais de dentro dos batalhões, arrombaram depósitos de armas e tomaram o patrimônio público de assalto. Jovens policiais acabaram construindo uma greve sem precedentes, que viralizou e contaminou policiais e outras unidades. Se tivessem planejado, não daria tão certo.
O mais grave: a mistura com a política nacionalizou a greve, a partir do momento que balearam o senador da República, Cid Gomes, uma liderança política de grande expressão. Os tiros foram disparados por mascarados comandados por um sargento que é vereador em Sobral e adversário do senador. O episódio fez despertar autoridades de todas instâncias de poder, que, por unanimidade, consideraram a ilegalidade da greve, impondo uma derrota ao movimento. A greve, então, passou a se agarrar na rendição sem punição, até agora, rechaçada pelos oficiais e o governador Camilo Santana.
Os maiores derrotados dessa greve não serão os soldados, mas as entidades que agregam policiais e os políticos que penetraram nas tropas para tirar proveito eleitoral. A sociedade, aprisionada, não tolera ver tanques, metralhadoras e cadáveres espalhados, como se não existissem leis, apenas tiranos.