segunda-feira, 7 de outubro de 2019

Tasso e Ciro na AL: sobram cipoadas em Bolsonaro e flertadas com 2022

                             

Afora os salamaleques de praxe no reencontro entre amigos de longas datas, o que sobrou,mesmo, foram os disparos das muitas e já reiteradas críticas da dupla cearense Tasso Jereissati e Ciro Gomes às contradições e incapacidades do governo Bolsonaro. 


No palco do auditório, um debate moldado, com este fito, pelo anfitrião e presidente da Assembleia Legislativa, José Sarto. O evento marcou o ponto alto do 1º Seminário de Direito Constitucional da Casa, realizado na tarde desta segunda-feira, 7, no Auditório Murilo Aguiar. em alusão aos 30 anos da Constituição cearense.
A condução das discussões ficou a cargo do jornalista mineiro, Kennedy Alencar, reconhecido pelo alinhamento de suas posições, franca e contumazmente, contrárias ao bolsonarismo e o lavajatismo na mídia sudestina.
Portanto, sobrou deixa para um cipoal de abordagens desesperançadas com o papel desempenhado, até agora, por quem ocupa o Palácio do Planalto. A partir da predominância das temáticas levantadas contra a figura do presidente, a contundência nos arremates dos três  debatedores atingiu os mais diversos flancos da sua gestão. 
Desde os equívocos nos rumos da economia, das políticas setoriais, dos "riscos de flertes contra o estado democrático de direito" e do "varejismo reativo" ante a falta de um projeto de recuperação nacional até a "destruição da imagem internacional" do País, com os desastres ambientais da Amazônia. Não houve colher de chá alguma para Bolsonaro.
                             

Salvaguardado o momento em que o jornalista Kennedy Alencar tentou sugerir que vivemos tempos ditatoriais. Foi quando os dois convidados, de pronto, manifestaram rejeição à tese. Ciro lembrou que Bolsonaro não transgrediu o estado democrático de direito, nem manifestou nada relativo a golpe, até o momento. O ex-ministro lamentou que não goste da atual qualidade da democracia, vivida no limite do arbítrio, da deterioração das relações institucionais e da conduta alienada de frações do Congresso Nacional ante os desafios impostos à Nação. 

                            

Tasso, por sua vez, disse que o governo não é ditatorial e o presidente peca mais pelo que diz do que pelo que faz. O senador citou como aberrações os antagonismos criados por Bolsonaro nas relações com o Legislativo, o Judiciário e a imprensa, além da sua tendência autoritária, por não acreditar na democracia representativa. Segundo o parlamentar, tudo é risco e necessidade de cautela, pois para que as coisas não se deteriorem, resta apostar na democracia, fazendo oposição responsável e acreditando no “milagre da política”.

O senador frisou, ainda, que o estilo Bolsonaro de governar trouxe, até agora, consequências danosas às questões econômicas. Ao lembrar que crescimento só acontece com investimento, o que pressupõe confiança no ambiente interno e externo, Tasso advertiu que flertes com o autoritarismo e as intimidações em nível institucional são danosas para retomada do desenvolvimento. Para ele, tais críticas são fruto da visão estreita do presidente e do seu entorno sobre o mundo e os padrões de coexistência na vida social moderna brasileira, na sua relação com exterior e os conceitos mais amplos de liberdade.