A política é como o tempo: há momentos nublados e outros de céu claro. Escolher o momento certo para entrar numa disputa arriscada exige certezas. Ciro Gomes viu até aqui muito amadorismo no grupo de oposição ao qual se aliou. Aguarda definições de Brasília para se lançar ou não ao Governo, numa disputa contra Elmano de Freitas.
Ciro sabe que a montagem de uma candidatura robusta depende das decisões dos dirigentes de grandes partidos. Viu escapar da sua aliança o PL e, agora, sentiu o afastamento do União Brasil e do PP. Por enquanto, o tempo segue nublado. Trabalha para tentar abrir o céu.
Sem garantias, Ciro não entra no jogo eleitoral. Com empresários que o estimulam, há recursos, avião e helicóptero, mas falta palanque. Experiente, viu desaparecer a candidatura de Roberto Cláudio em 2022, mesmo estruturada. É preciso apoio, tempo de rádio e TV.
Os aliados enxergam Ciro como única esperança de chegar ao Abolição. A jornada é difícil. Um erro pode ser fatal. Uma derrota seria um fim melancólico de uma trajetória política. O cemitério político está cheio de projetos e boas ideias. Pior: Ciro terá de enfrentar o desgaste dentro da própria família.