segunda-feira, 24 de novembro de 2025

A responsabilidade que o Enem exige


O vazamento de questões do Enem 2025 acende um alerta sério sobre a segurança do principal exame de acesso ao ensino superior do País. Não se trata apenas de um episódio isolado — é um risco direto à credibilidade de um processo que afeta milhões de estudantes e define caminhos de vida, oportunidades e futuros.

A ação da Polícia Federal, iniciada após o Inep identificar a circulação de um vídeo com questões semelhantes às aplicadas na prova, era inevitável. Quando há indício de fraude, a resposta tem de ser imediata. É assim que se preserva a confiança de quem estuda o ano inteiro para enfrentar dois dias de avaliação que mudam destinos.


O ministro Camilo Santana afirmou que o Enem está mantido, apesar da anulação de questões. A decisão foi prudente. Cancelar o exame puniria justamente quem cumpriu suas obrigações. Mas é preciso ir além da prevenção: o País tem de reforçar, com rigor, todos os mecanismos que protegem a prova — da produção à aplicação.

O Enem é uma conquista nacional, fruto de décadas de aperfeiçoamento. Qualquer brecha ameaça não só o presente, mas a credibilidade de programas como Sisu, Prouni e Fies. Fraude em processo seletivo não é “desvio” nem “exceção”: é crime, destrói a isonomia, favorece poucos e prejudica muitos.

Que a investigação avance, identifique responsabilidades e puna quem usou a inteligência para burlar o sistema, e não para melhorar o que realmente transforma vidas: a educação. Mais do que descobrir culpados, o Brasil precisa reafirmar que mérito, esforço e igualdade de condições não podem ser violados.

O Enem tem de ser seguro. E o Estado tem de garantir isso — sempre.