Não se pode negar que Ciro Gomes teve visão ao escolher o PSDB como seu oitavo partido político. Ciro está voltando para o universo da direita — campo ideológico que cresceu a partir do bolsonarismo.
O papel ideológico do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) é complexo e passou por significativas transformações desde a sua fundação, em 1988, até a atualidade. Originalmente concebido como um partido de centro-esquerda, o PSDB se moveu ao longo dos anos para o centro e a centro-direita, vivendo hoje uma crise de identidade.
O PSDB foi criado por dissidentes do PMDB que buscavam uma sigla com identidade ideológica mais clara. Inspirado pela social-democracia europeia, seu programa inicial defendia um Estado forte, com políticas sociais e de distribuição de renda, dentro de um sistema capitalista. No entanto, diferentemente dos partidos social-democratas europeus, nunca teve vínculos fortes com movimentos trabalhistas.
Nos últimos anos, com a ascensão de uma nova direita mais radical — o bolsonarismo — o PSDB perdeu espaço e eleitores, especialmente entre os mais conservadores. Isso aprofundou a sua crise de identidade e o afastou do protagonismo nacional.
Ciro Gomes retorna, portanto, ao campo político que já frequentou no passado ao lado de Tasso Jereissati. Aliás, Jereissati permaneceu no PSDB, mantendo-se na linha da direita moderada. Ciro, que já foi comparado a Leonel Brizola — político que ele sempre declarou admirar —, agora se reposiciona em outro espectro ideológico.