Com investimento superior a R$ 3 milhões, o Governo do Estado do Ceará, por meio da Secretaria do Desenvolvimento Agrário (SDA), iniciou, nesta terça-feira (2), a implantação de 191 sistemas de saneamento rural no município de Quixeramobim.
A iniciativa segue até a próxima sexta-feira (5), após quatro dias de intercâmbio técnico na comunidade de Santo Amaro.
O projeto conta com parceria do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), nove organizações da sociedade civil e representantes de comunidades locais.
Leia também: Quixeramobim sedia Fórum sobre novas rotas do Sertão Central
Com aporte de R$ 3.068.815,81, o projeto contempla a construção de sistemas integrados de reúso de águas domiciliares (provenientes de banho, pias e lavanderia) e fossas ecológicas (que tratam efluentes de vasos sanitários).
“Nossos técnicos da Coordenadoria do Abastecimento de Água e Esgotamento (Coagua) trabalharam para que o Governo Federal, através do MDS, enxergasse a importância soFcioambiental destas tecnologias a fim de que elas se transformassem em política pública”, destacou o secretário da SDA, Moisés Braz.
Durante os quatro dias de intercâmbio, será construída a unidade-piloto com a presença de técnicos, pedreiros, lideranças comunitárias, representantes do MDS e de técnicos da SDA.
A expectativa é que o encontro resulte em uma sistematização do processo de implementação, servindo de referência para a expansão da tecnologia em outras regiões do Semiárido brasileiro.
COMO FUNCIONA
Conforme o projeto, o sistema de reúso de água direciona os resíduos de banho, pias e lavanderias para filtros biológicos e físicos, armazenando a água tratada em reservatórios para irrigação de hortas e pomares.
Já a fossa ecológica, construída com tanque impermeabilizado e camadas filtrantes vegetadas, trata os resíduos dos vasos sanitários por meio de processos naturais, evitando a contaminação do solo e dos lençóis freáticos.
Leia também: Quixeramobim recebe mais de R$ 411 mil para fomentar o empreendedorismo no primeiro semestre de 2025
Como ressalta Glauceane Magalhães, professora, agricultora e beneficiária do programa, o saneamento rural é uma conquista importante para moradores de regiões rurais.
“É também uma questão de saúde pública, já que estamos dando um destino correto para essas águas e evitando, assim, a proliferação de doenças. Outro aspecto que podemos salientar é o quanto evitamos o desperdício da água em meio à crise climática, focando na importância de gerenciar os recursos hídricos que compõem o entorno de nossas casas. Que o Semiárido seja, a cada dia, um lugar melhor de viver”, ressaltou.
Já de acordo com Cícero Félix, da coordenação nacional da ASA Brasil, o “saneamento conectado ao reuso das águas servidas é uma grande resposta para o enfrentamento às consequências da emergência climática”.
INSPIRAÇÃO
A experiência que inspirou o projeto foi realizada pelo Instituto Antônio Conselheiro (IAC), na propriedade da família de Francisco Linhares (Chico do Leite) e Antônia do Carmo Góes, na comunidade Muxinató, no município de Senador Pompeu,
O sistema foi construído com recursos próprios e serviu de base para a formulação da Instrução Normativa nº 36/2024, do MDS, que reconhece e financia a aplicação das tecnologias em escala. Pela primeira vez, uma fossa ecológica foi integrada a um sistema de reúso de águas cinzas como política pública federal.
