quinta-feira, 7 de agosto de 2025

Prefeito de Jijoca tenta calar vereadora e leva aula de democracia e decência em pleno Agosto Lilás

 


Em pleno plenário da Câmara Municipal de Jijoca de Jericoacoara, na noite de ontém, quarta-feira, 06 de agosto, o prefeito Leandro Cezar decidiu ser patético e revelador, ao interromper, aos gritos, a vereadora de oposição Professora Bené Neta durante o uso legítimo de sua fala na Tribuna.


Bené discursava sobre o abandono dos aprovados no concurso público do município, exigindo respeito e providências por parte da gestão. Foi o suficiente para o prefeito, visivelmente descontrolado, berrar como um valentão de beira de palanque. Sem qualquer compostura institucional, tentou calar a vereadora à força da garganta, como se, com o gogó, pudesse abafar a verdade.





Mas quem tenta calar, é porque não sabe responder.


A vereadora, por sua vez, não se intimidou. Manteve-se firme e respondeu com a serenidade de quem sabe onde está e por quem está ali:


“Atenção, é que eu nunca vi, eu não vi, não chegou até mim, me corrija se eu estiver errada, uma única manifestação por parte da prefeitura em saber como está a situação dessas famílias. Que pessoas estão sendo acompanhadas por psicólogos? Que pessoas tiveram gastos?”


Ela falava do sofrimento real de famílias ignoradas pela gestão, enquanto o prefeito parecia mais preocupado em proteger seu próprio ego do que em ouvir o drama alheio. E completou, educadamente, mas em tom certeiro:


“Prefeito, eu estou no meu tempo, viu? Agradeço. Lembre-se do mês de agosto, dê exemplo.”


Foi um dos momentos mais simbólicos da sessão: em pleno Agosto Lilás, mês de enfrentamento à violência contra a mulher, um homem branco, poderoso, tenta calar uma mulher na Tribuna, e é rebatido com uma lição de moral e compostura.


“Por incrível que pareça, quando eu e a vereadora Karine estamos falando aqui, sempre tem algum homem tentando nos calar. E isso é muito triste.”


Triste? É pouco. É repugnante. É  política municipal contaminada por posturas retrógradas, por práticas machistas e pela completa falta de noção institucional. O prefeito não apenas desrespeitou uma vereadora eleita, ele desrespeitou o regimento, o decoro e, sobretudo, o povo que ela representa.


Leandro  age como se Jijoca fosse seu quintal e a Câmara, um puxadinho da prefeitura. Mas ali é espaço de debate, de confronto de ideias, não de gritaria. Seu comportamento foi de coronelzinho dos anos 30, que confunde autoridade com autoritarismo, crítica com afronta, oposição com inimigo.


E que moral tem um gestor que tenta calar quem defende aprovados em concurso? Que caráter tem um prefeito que não admite sequer ouvir os problemas causados pela sua gestão? Um homem público que grita para silenciar uma mulher é, na verdade, um homem pequeno.


Não é só sobre machismo, é sobre despreparo, desespero e covardia.


A cena foi um vexame público. Se tivesse grandeza, o prefeito pediria desculpas à vereadora e ao povo de Jijoca. Mas o ego não deixa. Afinal, para quem acha que gritar é governar, democracia sempre será uma ameaça.


O que se viu na sessão não é episódio isolad, é um sintoma. Um prefeito que não suporta ser questionado, que reage com fúria à crítica, que trata a oposição como inimiga... mostra que não tem maturidade para o cargo que ocupa.