quarta-feira, 6 de novembro de 2024

De Assis Diniz: “A elite não quer a carteira assinada da empregada doméstica e não quer o pobre e o preto andando de avião”


O tema da redação do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) 2024 foi “Desafios para a valorização da herança africana no Brasil”. O título da redação provocou o debate no País dividido. A direita considera o tema uma pauta de esquerda em ataque à direita.

É louvável a colocação por parte dos elaboradores da prova. Despertou no brasileiro um bom debate não só na academia, mas na família e no meio político. Não podemos esquecer nossa origem.

O deputado De Assis Diniz, líder do bloco liderado pelo PT na Alece, fez um belo discurso ao discorrer sobre o tema da herança africana no Brasil. Disse ele: “A elite política é perversa com o pobre e com o preto, não quer que eles andem de avião, não quer que o empregado doméstico tenha carteira assinada, aposentadoria, como se escravos fossem”. O parlamentar assim se posicionou, olhando nos olhos dos colegas de direita e de esquerda.

De Assis tem origem na pobreza do sertão, venceu na vida, realizando seus estudos na rede pública de ensino. É bacharel em Direito (Unifor) e História (UECE) e também especialista em Gestão Pública (Unicamp). Fez doutorado e estudou Economia do Trabalho (Unilab). Foi metalúrgico e, atuando como sindicalista, presidiu a Federação dos Metalúrgicos do Norte/Nordeste. É um currículo admirável, que se completa na atuação no serviço público, onde foi secretário de Estado, dirigiu o IDT e presidiu o PT. Trabalha muito.

A sociedade precisa saber que os africanos descobriram e construíram o Brasil, Portugal, Espanha e França. Foram escravos e, agora, são vítimas do racismo doentio de pessoas que não aceitam a mudança no universo, onde o preto recebe Nobel de medicina, literatura, química e física. Onde o preto é premiado com o Oscar de melhor diretor e ator no cinema. Não aceitam o preto ser dono de banco, de construtora e comandar o agronegócio.

O pobre e o preto estão a bordo dos aviões e navios há muito tempo, utilizam carros e motos de luxo, comem nos melhores restaurantes. A virada aconteceu porque eles estudam, trabalham e construíram uma história nova, mas sem esquecer o passado.