Outubro é o mês de conscientização sobre a perda gestacional, uma experiência dolorosa e muitas vezes silenciada. Estima-se que até 20% das gestações terminam em aborto espontâneo, perda involuntária do bebê antes da vigésima semana de gravidez, causado principalmente por alterações genéticas do concepto.
Além disso, pode ocorrer outras duas formas de perda gestacional, o óbito fetal (falecimento intrauterino do bebê após 20 semanas de gestação) e a morte neonatal, óbito do recém-nascido após os primeiros 28 dias de vida. No Brasil, dados indicam que cerca de 1 em cada 5 gestações não chega aos nove meses, enquanto, globalmente, a OMS relata 2,6 milhões de óbitos fetais ou neonatais por ano.
As causas da perda gestacional são variadas. Além das anomalias genéticas, fatores como problemas uterinos, alterações na coagulação do sangue materno, distúrbios endócrinos, infecções e respostas imunológicas podem contribuir para esses desfechos. A prevenção, no entanto, ainda é limitada. Para casos de etiologias identificáveis, medidas como o cuidado pré-concepcional, exames regulares e o controle de doenças metabólicas ou hormonais podem reduzir os riscos. Além disso, a adoção de hábitos saudáveis, como evitar o uso de substâncias nocivas, também é importante.
A perda gestacional é uma experiência carregada de dor e, muitas vezes, incompreensão. Ainda vivemos em uma sociedade que trata o tema como tabu, reforçando a ideia de que a dor deve ser vivida em silêncio. É fundamental que as famílias sejam apoiadas e que o luto seja validado, seja ele por uma perda precoce ou tardia.
Neste mês de outubro, o objetivo é não apenas informar, mas também criar uma rede de apoio. Romper o silêncio é o primeiro passo para garantir que as famílias que enfrentam essa difícil realidade não se sintam isoladas em sua dor. Precisamos criar espaços de acolhimento e empatia, onde falar sobre a perda gestacional seja uma maneira de curar, não de machucar.
Que este mês de conscientização traga visibilidade a um tema que afeta tantas vidas, mas que, ainda assim, é invisível para muitos. A perda gestacional não deve ser uma experiência solitária. Estamos todos juntos nesta caminhada.