Secretário da Assessoria Especial para Assuntos Municipais do Governo do Ceará, Arthur Bruno é um dos líderes históricos do PT no Estado. Em entrevista ao podcast Questão de Opinião, do OPINIÃO CE, ele ressaltou que o seu partido e o grupo governista cearense possui um “grande adversário político”: o bolsonarismo. O secretário argumenta que os liderados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) representam um movimento “anticiência, preconceituoso e que não acredita no conhecimento”.
“Basta ver na pandemia [de covid-19]. A população foi orientada a ter um descaso com a vacina. E lembre que [Bolsonaro] não usava máscara. (…) Setecentas mil brasileiros morreram. Todos nós tivemos amigos ou parentes que morreram na pandemia. Esse tipo de comportamento político, nós temos que derrotar”, pontuou, se referindo ao Governo do ex-chefe de Estado.
Deputado federal entre 2011 e 2015, Arthur Bruno lembrou que foi colega parlamentar de Bolsonaro na Câmara dos Deputados. Segundo ele, o discurso“antissistema” que o líder do PL prega é falso. “Ele fazia um discurso antissistema contra os partidos, mas ele é do sistema. Ele sempre foi. Nunca questionou as eleições para deputado, aí quando ele perde a eleição [para presidente], agora ele tá questionando e ainda hoje continua questionando o resultado eleitoral”, disse, ressaltando que “ninguém respeitava” o ex-presidente no Congresso, pois “não tinha nada na cabeça e só dizia bobagem e besteira”.
Como destacou Bruno, a corrida eleitoral em Fortaleza – a ser definida neste domingo (27) – conta com um representante do bolsonarismo. O deputado federal André Fernandes (PL), apesar de não citar Bolsonaro em suas peças de campanha e nas entrevistas, é apoiado pelo líder máximo do PL. O secretário diz que não tem como haver diálogo com esse grupo. “Não dialogamos com a anticiência e preconceito, que é o bolsonarismo. Não fazemos aliança nesse tipo de maneira de ver a política”, completou.
Sobre André, ele afirmou que o então deputado estadual e hoje federal não exerce aquilo pelo qual foi eleito. “Faça uma pesquisa, ele foi deputado estadual por quatro anos, quantas vezes ele ia para a sessão da Assembleia Legislativa? Como eu me elejo deputado estadual para trabalhar pelo povo do Ceará, fazer leis, fiscalizar, apresentar projetos e eu não faço isso? Ele ia só para fazer gravação para o YouTube, pegar os cortes”. Somando o mandato até então como federal, Arthur Bruno destacou que, durante os seus seis anos como parlamentar, André“não aprovou nenhum Projeto de Lei”. De acordo com o petista, o deputado não aprovou nenhuma matéria, pois “não dialoga, não conversa e não convence os seus pares”.
FORTALEZA 2024
Sobre o segundo turno em Fortaleza, o integrante do Governo do Estado destacou pontos que considera positivos do seu correligionário, Evandro Leitão, a quem se refere como uma “pessoa equilibrada e que se comunica muito”. Presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece) em seu segundo biênio consecutivo, Evandro possui o apoio do grupo governista para o pleito.
Nas discussões políticas, um dos pontos colocados contra a candidatura do petista é sobre a “hegemonia” que a sigla alcançaria no Poder Executivo, uma vez que já possui o Governo Federal, com o presidente Lula (PT) e o Governo do Estado, com Elmano de Freitas (PT). Bruno, por sua vez, afirma que o melhor critério para apoiar um candidato são “suas propostas, sua história de vida, seu comportamento e seu compromisso com o Município”, e lamenta que alguém possa deixar de votar em Leitão devido ao argumento da hegemonia.
“A história demonstrou que, quando há aliança política entre prefeito e governador, quem ganha é o Município”, argumentou.
Como exemplo, Bruno citou o momento em que Camilo Santana (PT) era governador e Roberto Cláudio (PDT) prefeito. Até então como secretário do Meio Ambiente, o petista lembrou que ocorriam reuniões com os secretários do Estado e do Município de forma conjunta. “Houve muita obra e muitas ações quando houve essa aliança e a proximidade maior entre Governo e Prefeitura”, destacou. Mesmo reconhecendo que a eleição de Evandro fortaleceria Elmano, o secretário afirma que quem teria a ganhar é o povo de Fortaleza. “Não há dúvida de que, quando há essa proximidade política, isso ajuda muito o próprio município. (…) Quem ganha é o munícipe, porque acaba tendo mais obras e ações dessa integração”, finalizou.