quinta-feira, 27 de junho de 2024

Mês junino, triste São João


Talvez, essa semana seja a mais importante para o Nordeste. Para mim, é lembrança de meu pai, Seu João Saraiva de Oliveira, como chamavam os amigos e admiradores. Papai leu toda a obra dos escritores da literatura nordestina e guardou os livros nas suas estantes. Em sua época, não existia biblioteca em casa. As músicas juninas o encantavam. A fogueira na calçada ou no meio fio nas noites entre São João e São Pedro, o milho assado e a animação no nosso casarão, uma espécie de sítio na cidade. A casa tinha ante-sala, sala, oito quartos, um corredor enorme, cozinha e sala de jantar, além de um grande alpendre ao redor. Papai morreu aos 94 anos, usava tecidos de linho e caqui. Se vivo fosse, seria um homem triste, vendo o estrago que fizeram com as festas juninas e o mês junino. Ao invés de “olha pro céu meu amor, veja como ele está lindo”, de “a fogueira está queimando em homenagem a São João”, as músicas são um horror, do tipo “traição é traição”, “liga o celular, para te encontrar com o negão”. Pior: canções de artistas que não são sertanejos do Nordeste. Uma pobre MPB.