segunda-feira, 27 de maio de 2024

Negros no topo: renovação de cotas enfrenta desafios no Congresso

Reunião da CCJ que ratificou a ampliação das cotas afirmativas no serviço público

Reunião da CCJ que ratificou a ampliação das cotas afirmativas no serviço público Roque de Sá/Agência Senado

Levantamento do instituto República.org intitulado “Onde estão os negros no serviço público?“ busca lançar luz sobre o acesso de pessoas pretas e pardas às funções de liderança nesse campo de trabalho.

Divulgado em 2022, o estudo revela que o número de servidores negros que ingressaram no funcionalismo federal subiu de 17%, em 2000, para 43% em 2020. Um aumento de mais de 150% no número de pessoas pretas e pardas que ingressaram na burocracia estatal em duas décadas.

Mas o abismo entre negros e brancos ainda é grande. A pesquisa aponta que, mesmo sendo a maioria da população brasileira, as pessoas negras representam menos de 15% do total de cargos de direção no Executivo federal. E as mulheres negras são as que menos ocupam cargos de chefia. Em 2020, apenas 1,25% das funções mais elevadas e de melhor remuneração nos ministérios, as chamadas “Direção e Assessoramento Superior (DAS-6)” estavam nas mãos desse segmento.

— Os números mostram que a desigualdade racial no serviço público brasileiro é enorme e que há uma disparidade substancial na representação de pessoas negras, principalmente em cargos de tomada de decisão. A representatividade é desproporcional em relação à população geral. Isso é um problema grave, pois a falta de diversidade nos cargos de liderança pode afetar diretamente as políticas públicas e as decisões tomadas pelo governo. Sem uma representação adequada, as necessidades e as perspectivas das comunidades negras e vulnerabilizadas podem ser negligenciadas — alerta Vanessa Campagnac, gerente de Dados e Comunicação do Instituto República.org.