segunda-feira, 11 de março de 2024

Centro-direita vence com pequena margem em Portugal; extrema direita tem aumento expressivo de votação

O líder da Aliança Democrática, Luis Montenegro, em discurso após as eleições portuguesas — Foto: Pedro Nunes/Reuters

Com 99% das urnas apuradas nas eleições legislativas em Portugal deste domingo (10), a Aliança Democrática (AD), a coligação liderada pelo Partido Social Democrata (PSD), de centro-direita, ganhou por estreita margem do Partido Socialista (PS). 

A disputa ficou marcada também pela ascensão do Chega, de extrema direita, que aumentou significativamente o número de cadeiras no Parlamento e terminou em terceiro lugar. Previsto originalmente em 2026 e realizado poucos meses após a renúncia do então primeiro-ministro, o pleito sucedeu um recente cenário de instabilidade que voltou a tomar conta do País.

A Assembleia da República, como é chamado o Parlamento português, tem 230 deputados. Os legisladores eleitos neste domingo é que vão escolher um novo governo. Com 99% das urnas apuradas, haviam sido definidos 226 nomes. 

Entre os três partidos que lideraram a disputa, a divisão era a seguinte, até a última atualização desta reportagem: 

  • Aliança Democrática (AD) - 79 parlamentares (antes, os três partidos que agora formam a aliança tinham 77);
  • Partido Socialista (PS) - 77 parlamentares (antes, tinha 120);
  • Chega (de extrema direita) - 48 parlamentares (antes, tinha 12).

Mesmo sem que estivesse definido o número exato de cadeiras de cada partido ao término da apuração, era possível assegurar que nenhum deles fez a maioria. 

De acordo com o jornal português "Público", a AD só conseguirá formar maioria se fizer uma aliança com o Chega. Ainda segundo a publicação, o PS não conseguirá conceber nem mesmo um governo de coalizão, caso conte somente com outras siglas de esquerda. 

O líder da AD, Luis Montenegro, disse neste domingo que o partido deverá agir de forma responsável. Não ficou claro se a coligação de centro-direita vai fazer uma coalizão com a extrema direita. Já o líder do PS reconheceu a vitória da AD. 

Veja, abaixo, como se distribuíram os votos com 99,01% das urnas apuradas: 

  • AD - 29,54% dos votos.
  • PS - 28,66% dos votos.
  • Chega - 18,05% dos votos

A votação terminou às 19h de Lisboa (16h de Brasília), com de cerca de 33% de abstenção, que é uma porcentagem significativamente abaixo da média das votações mais recentes. 

Durante as últimas décadas, Portugal foi liderado durante por dois partidos moderados: 

  • PS, de centro esquerda;
  • e o AD, de centro-direita.
Nos últimos meses, políticos das duas legendas foram denunciados por esquemas de corrupção. Nesse cenário, o Chega, de extrema direita, teve uma votação significativa. Nas eleições anteriores, por exemplo, o partido havia tido 7,2%. 

Há apenas um ano, Portugal tinha um dos governos mais sólidos e estáveis da Europa, formado por maioria absoluta -- ou seja, uma única sigla, o PS, tinha mais de metade dos assentos, uma raridade nos sistemas parlamentaristas do continente. 

Os anos de crise financeira profunda e da chamada "geringonça" – o pacto inédito entre socialistas, comunistas e esquerda radical em 2015 – haviam ficado para trás. 

Bastaram alguns meses, no entanto, para a instabilidade voltar a tomar conta do país: em novembro, o primeiro-ministro António Costa, do PS, renunciou — após o Ministério Público anunciar que ele era investigado em um caso de corrupção. 

Entretanto, semanas depois, o próprio MP reconheceu que havia errado; o acusado não era o primeiro-ministro, mas sim um homônimo. A renúncia fez Portugal antecipar as eleições, que só aconteceriam em 2026. 

Foi nesse cenário que, neste domingo, cerca de 10,8 milhões de eleitores de Portugal voltaram às urnas. 

DW: brasileiros encampam discurso anti-imigração em partido de extrema direita de Portugal