A cidade de Fortaleza é humana e desumana, violenta e pacífica, como muitas metrópoles no Planeta. Contradições marcam os municípios de grande porte. Eles constituem abrigo de muitos que buscam uma melhor oportunidade para transformar suas vidas.
É sempre bom ouvir pessoas que conhecem as cidades. Em Fortaleza, são poucos os que conhecem os mais diferentes locais, lidam bem com várias classes sociais, identificam e apoiam líderes comunitários e fazem um passeio por bairros e ruas, contando suas histórias, apontando seus personagens.
Rennys Frota é um deles. A conversa com ele é um aprendizado. Foi o responsável por dialogar com os permissionários, ambulantes cadastrados e não cadastrados ao longo dos três quilômetros da orla entre a Praia do Futuro e a Praia de Iracema.
O momento mais delicado e difícil foi colocar uma nova percepção aos que ganhavam a vida e até moravam dentro dos barcos abandonados e apodrecidos que ficavam ao longo da Praia do Mucuripe.
O depoimento do responsável por esta área litorânea de Fortaleza traduz um retrato pouco visível, mas bastante real sobre os que vivem no pedacinho de praia mais famoso do Nordeste. A Praia do Mucuripe, território dos pescadores, era um lixão humano, um lugar de consumo de drogas e, o mais grave, os comerciantes não melhoravam de vida, porque vendiam seus produtos, como pescados, legumes, verduras e coco, sem calcular custos. Hoje, vivem nova realidade: a cidade e as pessoas saíram ganhando.