O Brasil é um país cheio de contradições, em todas as áreas. Na educação pública, creches, ensinos fundamental e médio são rejeitados pela classe média e pela chamada classe A. O mais grave: os professores de escolas públicas não matriculam seus filhos nelas, algo incompreensível por estudiosos e que agride a gestão pública.
Embora o Ceará tenha 83 escolas públicas entre as 100 melhores do Brasil, nenhuma pessoa da classe média se interessa, prioritariamente, em matricular os filhos nesses estabelecimentos , nem mesmo os professores. Isto indica não acreditarem e confiarem no trabalho que executam. No âmbito estadual, em todos os municípios, existe escola pública com alto padrão de ensino, mas só as pessoas de baixa renda matriculam os filhos. É preciso o Congresso Nacional e o Estado refletirem sobre essa discriminação e buscarem soluções para o problema.
No ranking das Universidades da América Latina, divulgado nesta segunda-feira, 10, pelo Times Higher Education, a Universidade Federal do Ceará (UFC) e a Universidade do Estado do Ceará (UECE) são as melhores das regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste, dentre as federais, estaduais e particulares, respectivamente.
O ranking confirma uma tendência que os estudiosos em educação consideram fora da lógica. Os filhos de classe A e os de classe média estudam em escola particular e cursam a universidade pública. E o filho do pobre estuda em escola pública e cursa universidade particular, com grande esforço financeiro da família ou pagando empréstimo do FIES, em cursos rejeitados pelos mais abastados.
Este é o Brasil das contradições, o Brasil da discriminação, o Brasil que precisa ser melhor discutido pela sua classe acadêmica e pelos seus pensadores, que, infelizmente, não conseguem fazer política pública colocando todos em igualdade.