Na sua série de falas nos encontros onde se discute o Plano Plurianual Participativo (PPA) e eventos com plateia política, o governador Elmano de Freitas faz questão de citar o senador Cid Gomes como referência maior do projeto em andamento no Ceará. O governador lembra, também, a importância do ministro Camilo Santana como referência política: "É o nosso líder”, brada Elmano.
A insistência do governador em reverenciar o ex-governador e atual senador Cid Gomes provoca uma rusga de ciúme e um mal-estar no núcleo pedetista, que se sente “apunhalado ou esfaqueado” pelas costas. Parecem se irritar com as citações elogiosas do governador.
Impossível, à essa altura, separar Elmano, Camilo, Cid Gomes e Evandro Leitão. A desconstrução desse bloco passa pelo eleitor. O projeto montado por eles, que provocou a ruptura e saiu vitorioso, foi ajudado, de certa forma, pela falta de lógica do então candidato do PDT à presidência, Ciro Gomes, que tentou reaplicar a sua tese de que a disputa presidencial garantiria vitória do candidato ao governo na sua terra. Desta vez, seu plano faliu.
Ciro parece acreditar, agora, que errou na tática e joga sobre o irmão a responsabilidade pela derrota eleitoral no Ceará, esquecendo que Cid declarou, em fevereiro de 2022, na presença dos quatro pré-candidatos do PDT ao governo, o seguinte: “Se o Ciro atingir dois dígitos nas pesquisas, até 27 de abril, data do meu aniversário, ele será o presidente. Mas, se a polarização prevalecer, a disputa ficará entre Lula e o desgoverno”.
A sociedade cearense está assistindo aos últimos capítulos de uma disputa entre irmãos, que respinga em outras pessoas. Ainda bem que a política, também, reúne e une adversários e desafetos. Será assim com Ciro e Cid.