quinta-feira, 6 de outubro de 2022

Campanha ganha clima de batalha entre Nordeste, Sul e Sudeste


O Brasil não tem povo, tem população. A frase é do jornalista Wilton Bezerra, inspirada na do escritor Lima Barreto. Famoso comentarista esportivo do Sistema Verdes Mares e um dos geniais contadores de histórias e contistas do País. A frase de Wilton remete ao desprezo que o brasileiro tem pelo próprio Brasil. “O que é público é para ser destruído”, diz o comentarista, para explicar a depredação das praças, parques, abrigos de ônibus, escolas, creches e iluminação pública. 

A pauta da campanha eleitoral se assemelha ao pensamento e narrativa de Wilton Bezerra, que fui buscar para justificar o que escrevo, hoje, neste espaço. É triste, mas é verdadeiro: o Brasil tem a campanha mais despropositada da sua história. Dois candidatos vazios, dos quais conhecemos o legado. A discussão é sobre roubalheira, armas, crimes contra o Erário. 

O segundo turno agravou ainda mais a melancólica campanha. Alguns jornalistas, a imprensa paulista, carioca, do Centro-Oeste e do Rio Grande do Sul estão colocando a disputa eleitoral como uma batalha entre os famintos por dinheiro do Nordeste contra o Brasil que trabalha e produz. Nós não merecemos isso. O nordestino trabalha, produz e sobrevive no maior semiárido do Mundo, com a força da inteligência e a motivação imposta pelos desafios socioeconômicos e ambientais.

Qualquer que seja o vencedor, o Nordeste será ainda maior que a politicagem que cometem, com discursos baseados no Auxílio Brasil de R$ 600. O Rio de Janeiro e São Paulo, juntos, têm mais beneficiários do que o Nordeste. O auxílio também é pago a irmãos de Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e aos gaúchos. Wilton Bezerra tem razão: não somos um povo, somos uma população.