Há 33 anos, o Grupo Capoeira Brasil (GCB) foi criado, na cidade de Niterói/RJ, por três capoeiristas e mestres: Boneco, Paulinho Sabiá e Paulão Ceará. O intuito do Grupo é levar a capoeira além das fronteiras, educar os seus integrantes, formar cidadãos e dar oportunidade através da capoeira para tirar crianças e adolescentes da zona de perigo.
O GCB funciona como uma franquia, onde cada representante de sua cidade ou país, segue as regras, filosofias e metodologias do grupo. O estilo foi desenvolvido com base na Capoeira Regional do Mestre Bimba e utiliza os elementos desenvolvidos por ele, adicionados de outros movimentos que evoluíram na capoeira durante os anos, sendo conhecido como Capoeira Regional Contemporânea.
Atualmente, atua em 65 cidades espalhadas por 26 países de todo o mundo. Sendo oito países na América do Sul, 10 na Europa, três na África, três na Ásia, além de Canadá e Estados Unidos, na América do Norte. Tendo como objetivo manter viva a expressão da capoeira como arte, cultura e esporte.
Para o Mestre Paulão Ceará, o GCB vem deixando um legado principalmente para os mais vulneráveis socialmente. “O legado vem também da oportunidade dada, no exterior, ao aluno graduado, para construir a sua vida. Como aconteceu com vários que eu trouxe para a Europa e todos fizeram a sua vida e estão, hoje, com famílias e integrados na sociedade europeia”, afirmou.
Além do Ceará, o Mestre Paulão também é responsável pela sede de Amsterdam, na Holanda. No nosso estado, o Grupo também conta com o Mestre Kim e o Corda Preta Marcão. Mestre Kim é o responsável por supervisionar a Roda de Capoeira que acontece toda primeira segunda-feira do mês, às 19h, no calçadão da Praia de Iracema, em frente à Estátua do Arco.
Mestre Kim é praticante da capoeira desde 1981 e é discípulo do Mestre Paulão Ceará, além de ministrar aulas em escolas, clubes e participar de eventos nacionais e internacionais apresentando workshops em vários estados e países.
João de Assis Bernardo, o Mestre Kim, foi um dos alunos do Grupo Capoeira Brasil a mudar de vida pela capoeira. “Cheguei no Mestre Paulão com a corda laranja com azul, uma graduação depois da laranja e antes da azul. Sou muito grato ao Mestre Paulão por me ensinar a capoeira que eu jogo hoje, e de ter tido a grande oportunidade de conhecer a Europa através da nossa nobre arte”, destacou.
O aluno que virou Mestre ainda relembra o início da sua trajetória e os valores que o marcam até hoje e que ele tenta repassar para os seus alunos. “No início, quando treinava com Mestre Paulão, não tinha dinheiro para pagar as mensalidades, porém procurava compensar de várias maneiras: chegava cedo todos os dias para limpar a academia; nos dias de roda na Beira Mar, buscávamos os instrumentos em sua casa e levava para o local da roda, bem como, fazia apresentações e shows. Quando falo isso, não é para dizer que estava pagando a mensalidade, e sim que era a minha obrigação”, salientou.
O Mestre Paulão também é um grande exemplo de como a capoeira foi o caminho para a realização de sonhos e se mostrou feliz com os objetivos com o caminho que construiu. “Eu estou realmente realizado com os objetivos alcançados nesses 45 anos dedicados à capoeira, tenho um DVD de técnicas de capoeira e um CD de músicas gravados, um livro publicado, além de poder estar a 29 anos na Europa e hoje saber falar, além de Português, Holandês, Inglês, Francês, Espanhol e Húngaro”, disse.
Além do reconhecimento pessoal, o Mestre também recebeu várias honrarias, como a Medalha Ayrton Senna, dada pela Câmara de Vereadores de Fortaleza, também recebeu o título de Mestre da Cultura dos Tesouros Vivos do Ceará. Paulão recebeu da Universidade Estadual do Ceará (UECE), o título de Doutor Notório Saber da Cultura Popular, também sendo homenageado em países como França, Estados Unidos, Azerbaijão, Espanha, Austrália e China.